WTTC apela aos governos para agirem com urgência no incentivo ao SAF

A WTTC apelou aos governos de todo o mundo para “levarem a sério” o incentivo à produção de SAF (combustível sustentável para a aviação) e estabelecerem metas ambiciosas de produção de quantidades adequadas. Segundo organismo, sem quantidades significativas de SAF, o setor da aviação não consegue descarbonizar a uma escala que lhe permita atingir emissões zero até 2050, um compromisso assumido pela indústria e sustentado pelos Estados Membros da ICAO.

A indústria da aviação espera chegar às emissões de carbono zero ao reduzir ao máximo as emissões através do uso do SAF e de tecnologias inovadoras como o hidrogénio; recorrer a frotas de aeronaves modernas e eficientes; adotar melhorias de eficiência operacional (na navegação aérea, por exemplo); e utilizar soluções de outros setores como a captura de carbono ou as compensações.

Na mesma nota, a WTTC indica que se estima que o SAF permita atingir grande parte das reduções de gases com efeito de estufa necessárias para alcançar as emissões de carbono zero até 2050. Mas, infelizmente, o ritmo de produção do SAF é insuficiente para responder à procura e os preços permanecem elevados, apesar do recente aumento exponencial da produção.

Por isso o organismo não hesita em afirmar que é tempo de agir, e que sem o SAF, os governos vão ter dificuldades em cumprir as metas climáticas acordadas no Acordo de Paris e os seus compromissos para com o crescimento económico, fortemente dependente da aviação para o turismo, comércio e conectividade.

E é nesta medida que a WTTC apela aos governos que forneçam fortes incentivos para estimular o investimento na produção de SAF, incluindo créditos fiscais, subsídios ou outros incentivos financeiros. Pede ainda que trabalhem com o setor para fixar metas de produção de SAF ambiciosas. E que coordenem as suas suas ações através da ICAO, a agência das Nações Unidas especializada para a aviação, para garantir a uniformidade global nas regulamentações do SAF, padrões de sustentabilidade, procedimentos e organização.

Aponta ainda como exemplo de um programa de incentivos bem sucedido o caso dos EUA. A recente Lei de Redução da Inflação criou incentivos fiscais para produção de SAF que já estão a dar frutos.

Julia Simpson, presidente e CEO da WTTC, afirma: “É hora de os governos ousarem e priorizarem a produção de combustível sustentável para a aviação. Estamos a pedir a todos os governos para agirem já”. E prossegue, dizendo que “a procura de SAF nunca foi tão alta, as companhias aéreas de todo o mundo querem usar o SAF. Contudo, a produção atual de SAF apenas responde entre 0,1% a 0,15% dos requisitos, apesar do aumento de 200% na produção em 2022 face a 2021. O que deixa um vazio enorme que apenas pode ser preenchido através de um investimento acelerado e sustentado. Aos preços de hoje, o SAF está, em média, três a cinco vezes mais caro do que os tradicionais combustíveis fósseis. Os governos têm de abordar esta disparidade de preços proporcionando apoio e incentivos financeiros para tornar o SAF mais acessível. Sem estas metas e esses incentivos, o setor não conseguirá descarbonizar.”

A IATA lançou recentemente uma nova política com vista a acelerar a produção de SAF, apelando aos governos para adotarem um papel primordial no sentido de facilitarem a produção de SAF intensa. Também sublinha a necessidade de as políticas harmonizadas entre países e indústrias proporcionarem condições equitativas para a indústria global da aviação.