Uma carreira na distribuição com Ricardo Freixinho

Conhecer melhor quem tem feito a sua carreira profissional no setor da distribuição é o objetivo desta rubrica da Ambitur.pt. Hoje quem lhe conta tudo em discurso direto é Ricardo Freixinho, product manager da Solférias.

Ricardo nasceu em Lisboa, mais concretamente na freguesia de Alvalade (apesar de ser um grande benfiquista), a 24 de janeiro de 1970. Da infância recorda-se de ir passar os três meses de verão na Costa da Caparica, no parque de campismo da Orbitur, com os pais, o irmão e a avó materna: “era uma festa, as amizades, a praia, a liberdade que tínhamos”.

O profissional começou a trabalhar logo muito cedo, por influência direta de um amigo que já estava na área do turismo. Ricardo Freixinho assume o seu prazer em ser uma pessoa alegre e criar boa disposição à sua volta. Por isso, gosta de trabalhar com alegria e positivismo, explica, mas também gosta de ser direto, “para o bem e para o mal”. Outra característica é a lealdade às equipas com as quais trabalha.

Como e quando iniciou a sua carreira no turismo?

Iniciei-me no mundo do turismo muito cedo, com 14 anos, no dia 01.04.1984, pela mão de um amigo de infância, Artur Crespo, que já não trabalha no meio, mas que me levou para ser paquete, uma vez que também estudava na altura, numa agência chamada Jet Tours e que depois mudou o nome para Jet Turismo, creio que um ou dois anos mais tarde. Foi onde aprendi as bases para o meu futuro, passei pelo balcão, incoming e grupos.

Depois passei para a tour operação, onde trabalhei na Sucesso desde 1987 a 1991, até ir cumprir serviço militar. Em 1992 fui trabalhar para um operador chamado Êxito, onde estive até 1993/94.

Em 94, a Cristina Gordo, que tinha sido minha diretora na Êxito, convidou-me para o projeto que iria abrir, as Viagens Tempo, onde estive até 98. 98, ano louco em Portugal com tema “Expo”, o Constantino Pinto, amigo de infância e diretor geral da Andaltour em Portugal, convidou-me para este projeto, onde estive até 2005.

Em 2005 entrei no projeto da Marsans Portugal onde estive até 2007, depois saí para a Entremares até 2010. Em 2010, a convite do Miguel Fonseca, entrei no projeto da Soltrópico até 2018.

A 02.01.2019 comecei o projeto atual na Solférias até ao dia de hoje e espero continuar durante muitos anos.

O que o apaixona no turismo e ainda hoje o faz continuar a querer estar nesta indústria?

O contacto com as pessoas, conhecer novas culturas, viajar, os cheiros, as cores por esse mundo fora e poder dar a conhecer o nosso Portugal, porque quanto mais viajo por todo o mundo mais adoro o nosso Portugal e sei valorizar o que somos como país e como povo.

O que me faz continuar é a paixão e alegria com que me levanto todos os dias para ir trabalhar e poder acrescentar algo e aprender algo também. Uma das coisas mais apaixonantes que esta indústria tem é que está em constante evolução e adaptação por isso estamos sempre a aprender e a recrear-nos.

A chegada à atual empresa deu-se quando e como?

Foi muito interessante. Quando saí do anterior projeto, cheguei a casa e disse à minha família: acho que vou sair do turismo, já dei o meu contributo suficiente para esta indústria e já deixei a minha marca. Não sei porquê todos se riram e não acreditaram, vá-se lá saber porquê; creio que eu era o único que tinha esse sentimento.

Passados uns dias fora do turismo, recebi uma chamada do Nuno Mateus, admirado que tinha visto as notícias no trade da minha saída, e perguntou-me se já me tinha comprometido com alguém. Expliquei-lhe o meu sentimento da altura, e ele também não acreditou (acho mesmo que eu era o único que acreditava que iria sair do turismo), disse-me ok descansa e vamos almoçar um dia destes, temos um projeto muito interessante na Solférias para desenvolver e é a tua cara. Bem, lá fomos almoçar e demorou cinco minutos para me convencer. Para além disso, eu e o Nuno Mateus somos amigos há mais de 30 anos e sempre brincámos os dois que um dia haveríamos de trabalhar juntos e concretizar esse sonho.

Também não posso deixar de referir que a Sónia Regateiro, ao longo dos anos em que nos conhecemos, sempre disse que um dia ainda haveria de trabalhar na mesma equipa que ela, e estava correta, assim aconteceu.

E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo até aos dias de hoje?

O desafio que me foi proposto foi desenvolver toda a área do Médio Oriente, Índico, Ásia e Pacífico de início; depois chegou a pandemia e, no regresso à atividade, com a saída de um dos gestores de produto, eu e o meu colega Dario Brilha assumimos todo o continente americano, sendo que eu fiquei com a responsabilidade de todos os destinos exceto o Brasil, México e República Dominicana.

Como define as suas funções dentro do grupo atualmente?

As funções que a empresa me solicita passam pela responsabilidade de contratação e criação de produto nos destinos que estão sob o meu escrutínio. Mas as minhas funções vão muito mais para além disso, não sendo uma exigência da empresa, pela experiência que tenho acumulado ao longo de mais de 30 anos de carreira: passar todo o meu conhecimento aos mais novos, seja em que área for da empresa, e motivá-los diariamente para as exigências profissionais e a crescerem como pessoas, para que se sintam realizados todos dias. Não nos podemos esquecer que trabalhamos em serviços, sob uma pressão diária e constante em que a linha da motivação e desmotivação é muito ténue e rápida.

Quais os momentos que o marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?

Bem, momentos positivos tenho-os todos os dias, por isso continuo com tanta paixão pelo que faço. Mas lembro-me agora de um, dos tempos em que trabalhava na Andaltour e onde conheci o meu colega e depois nos tornámos grandes amigos, o Paulo Almeida, da loucura que foi trabalhar o ano da Expo 98. Que loucura de ano e como conseguíamos ter ainda energia depois dos dias de trabalho. Verdade que, como dizemos muitas vezes, “nessa altura éramos 30 quilos mais novos”.

Já uma das piores situações foi, sem dúvida, quando estava na Soltrópico a partida do “Miguel Fonseca”; foi algo que me marcou muito para o resto da minha vida. Outra foi a partida do Fernando do Carmo, pessoa que marcou muito a minha vida profissional e que terá sido determinante para bases que tenho hoje.

Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?

Creio os principais desafios profissionais no futuro próximo não são só pessoais, mas de qualquer empresa desta aérea. Será conseguirmo-nos novamente consolidar após a pandemia que, na verdade ainda não passou, mas felizmente acredito que esteja perto do seu fim. Muita coisa mudou nesta indústria, novos hábitos de consumo, novas formas de viajar, novas formas de programar, temos todos de nos recrear para vencer e, sem dúvida, conseguir consolidar-nos será um dos grandes ou talvez o maior desafio.

Outro aspeto muito importante são os seus ativos profissionais, ou seja, as pessoas, as equipas são o maior bem numa empresa desta atividade e equipa consolidada é equipa vendedora.