Um fator/Palavra-chave para o negócio turístico nos próximos anos: “Autenticidade genuína”
Autenticidade Genuína
Por Adélia Carvalho, diretora Valverde Hotel
Quando falamos em Turismo nos dias de hoje, pensamos automaticamente em fenómenos, cultura, costumes e paisagens naturais com características muito próprias e com uma presença muito marcante na história. A procura pelo que é autêntico e característico de uma certa região , é atualmente um dos pontos mais reveladores e dinamizadores do Turismo Mundial. A forma de despertar interesse por uma região ou por um destino, é motivada pelos seus níveis de autenticidade, da credibilidade das suas origens e pela força das suas crenças e raízes.
Estamos a assistir a um notório e crescente interesse por destinos que apresentam fortes tradições na comida local, rica em ingredientes, saciando de certa forma a vontade de satisfazer o corpo e a mente durante um período de viagem e de estadia num determinado local. O desporto ganha predominância e funciona como um “recarregador de baterias”, apontando cada vez mais para atividades que se desenvolvam ao ar livre. Também tarefas ligadas à terra , como por exemplo a jardinagem ou outras, serão consideradas como benéficas à mente, tendo como objetivo ajudar o turista no regresso à sua vida normal. Inerente à procura e escolha do destino, está a existência de uma comida orgânica e de qualidade. A temática sobre a necessidade da existência de dietas especiais e menus para clientes que apresentem índices de alergias a certos produtos, será algo que tomará um papel cada vez mais relevante, numa era que o cliente dá extrema importância a uma alimentação saudável.
À procura do genuíno aliam-se também todas as atividades que de certa forma definem uma região e que revelam um forte valor adicional a cada experiência. As celebrações e comemorações das festividades locais de um destino serão um dos maiores atrativos e às quais deveremos estar muito atentos. A fidelização de um turista poderá mesmo passar pelo grau de interação que o mesmo terá com as gentes locais e o nível de conhecimento relativo aos seus hábitos, que estes lhes conseguirão transmitir e com eles partilhar.
A formação do capital humano deverá ser estratégica no sentido de dotar uma oferta com um conjunto de serviços que fomentem a customização, e que o cliente valorize. O Turista atual e do futuro terá uma vontade muito própria, viajará sempre com um grande conhecimento do destino e procurará ser surpreendido através da diferença e da personalização. A procura centra-se em actividades que satisfaçam de uma forma global todas as suas preferências.
A tendência para uma tecnologia cada vez mais sofisticada e desenvolvida, será uma realidade. É crucial disponibilizar serviços com as mais recentes soluções tecnológicas, de forma a que um cliente possa depender dele mesmo caso prefira, para “desenhar” o seu próprio programa de viagem. Deverá haver Apps com informações culturais, gastronómicas, de festividades, etc… do destino, para que a agenda do cliente não necessite de depender de outrem. O cliente deverá ter disponível em todos os momentos várias opções de escolha, de forma a que as suas decisões sejam feitas com a maior comodidade possível e dentro do timing pretendido. Devido à enorme velocidade que a informação é fornecida, a rapidez com que ele poderá mudar as suas preferências é elevada, pelo que deverá haver instrumentos com capacidade de dar uma resposta imediata face às suas novas expectativas e eventuais mudanças de atitudes ou comportamentos.
A fotogenia dos produtos, locais e paisagens, continuará a ser de máxima relevância devido à sua complementariedade com as redes sociais. Uma boa imagem ou fotografia de um momento, serviço, ou até mesmo de um acontecimento, continuará a ter um enorme impacto no mundo digital, onde as cores e as formas, presenteiam a memória e despertam interesses até aí escondidos. O registo e a partilha digital funcionará como ferramenta para as atuais e futuras gerações, onde se assistirá seguramente à introdução de novas tendências com maior abrangência a este nível. Os conteúdos digitais serão utilizados para pesquisa e aquisição de novos conhecimentos, pelo que o rigor neste âmbito e níveis de veracidade serão efusivamente reconhecidos e congratulados pelos utilizadores. Os destinos deverão criar experiências únicas e singulares, tanto para um turista de negócios como para aqueles que procuram atividades de lazer. A oferta tem que ser muito heterogénea de forma a se realçar e a captar interesse num cliente que continuará a ter acesso a muita informação e será seguramente detentor de uma vasta e rica experiência turística adquirida ao longo das suas viagens. Evidenciar a diferenciação local, as práticas e os costumes de um povo com rigor e ética, será sempre a meu ver juntamente com as tendências do momento os “ingredientes” certos a utilizar para uma estratégia de sucesso.
(Indicada por Rita Corrêa Figueira)
*No 29º Aniversário da Ambitur retomámos um desafio já lançado por nós há três anos e, uma vez mais, o setor correspondeu. O “Passa a Palavra” colocou o primeiro repto a Gonçalo Rebelo de Almeida, da Vila Galé; Nuno Mateus, da Solférias; Frederico Costa, das Pousadas de Portugal e Manuel Proença, da Hoti Hotéis. Estes quatro profissionais explicaram quais os desafios que se colocam ao Turismo nos próximos tempos e ficaram também incumbidos de nos indicar a quem poderíamos lançar o mesmo repto. Ao longo dos próximos dias iremos publicar aqui os 29 comentários que resultaram deste “Passa a Palavra”, acrescentando também quem foi indicado por cada um dos comentadores.