Turismo “está a aproximar-se a uma velocidade dupla da média salarial, face a outros setores”

Apesar do cenário de melhoria de condições salariais médias dos colaboradores da atividade turística, nos tempos mais recentes, Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, faz vários avisos aos empresários do setor. Para a responsável, “este é um setor de pessoas para pessoas, pessoas que se preocupam com um segundo grupo de pessoas, as que acolhemos, mas temos de nos começar a preocupar com os primeiros, aqueles que servem, aqueles que mostram todos os dias do que é feito Portugal”.

Durante a VI Cimeira do Turismo Português, organizada pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), em Lisboa, Rita Marques, depois de ter analisado a competitividade aérea em Portugal, abordou a falta de mão-de-obra no setor e as soluções que estão a ser encontradas para a sua mitigação. Para a responsável, a necessidade de se tentar suprir as necessidades de capital humano no turismo, nesta altura, ascendem acima dos 45 a 50 mil trabalhadores. Para Rita Marques, “já se falou do acordo de Mobilidade no quadro da CPLP. Mas, há aqui uma responsabilidade que assiste a todos. Temos de acolher bem esses trabalhadores”. Para a governante, “é bem verdade que o setor do turismo paga menos bem comparado a outros setores de atividade, é bem verdade que muitas vezes as empresas não têm condições para pagar mais, tendo em conta que viveram tempos muito difíceis durante a pandemia e grande parte dos seus balanços contabilísticos estão ainda fragilizados”. Mas, algo tem estado a mudar, de acordo com Rita Marques; o setor do turismo tem feito um esforço neste passado recente para pagar mais e assim mostram as métricas do setor. “Neste momento o setor do turismo, comparativamente com outros, irá ter uma aceleração brutalmente evidente, está a aproximar-se a uma velocidade dupla da média salarial, comparativamente com outros setores”, indica a oradora. Na mesma linha, a secretária de Estado do Turismo continua indicando que “há aqui uma responsabilidade que assiste a todos, uma ação. Este é um setor de pessoas para pessoas, pessoas que se preocupam com um segundo grupo de pessoas, as que acolhemos, mas temos de nos começar a preocupar com os primeiros, aqueles que servem, aqueles que mostram todos os dias do que é feito Portugal”. Apesar de reconhecer “que naturalmente que as condições remuneratórias estão a ser revistas e que essa é uma matéria que tem vindo a ser analisada no quadro da Concertação Social, o que queria dar nota é que temos todos sobretudo de trabalhar no sentido de termos melhores condições para que estes colaboradores possam desenvolver aqui a sua atividade, principalmente porque muitos deles provirão de outras geografias, ainda que muitos deles venham de uma geografia em que temos uma partilha de valores importante, da CPLP”. Para Rita Marques, “este compromisso por parte dos empresários tem de passar por outras condições que há uns anos não ponderaríamos, como a habitação. Por exemplo, nesta altura, já temos vários empreendimentos turísticos a assumir uma responsabilidade nas condições que tocam à habitabilidade dos trabalhadores”. Concluindo, afirma a oradora que “parece uma boa prática, exige-se aqui um esforço extremamente mais complexo da parte dos empresários para acudir também a esta frente, mas este é o caminho em que Portugal pode mostrar liderança no sentido de inclusão”.

 

Por Pedro Chenrim