Opinião: “Small is Big”
Por Miguel Velez, CEO da Unlock Boutique Hotels
Podendo parecer um “non sense” até diria mais, “É Essencial!”. Não é novidade, já todos sabemos, há muito tempo que assim é, e, cada vez mais é e será mais difícil não se ter dimensão. De alguma forma os negócios “mais pequenos” se terão de juntar e unir forças, sejam eles na mesma rua ou zona, nas cooperativas, nas associações, … de alguma forma terá de ser se os seus proprietários e acionistas quiserem ser competitivos, aumentar e otimizar a rentabilidade.
No nosso sector, turismo, hotelaria e restauração, tal como praticamente em quase todos, se vêm movimentos de agregação, fusões e aquisições. No entanto é Verdade que também, como quase tudo, se ganha e se perde nestes movimentos, e no nosso caso especificamente o que se perde é muitas vezes a autenticidade, a genuinidade, o que levou um empreendedor a acreditar e fazer algo que considerou diferente, mas que mais cedo ou mais tarde, por forças várias, viu o seu negócio ameaçado. Desde o aumento das taxas de juro e daí das obrigações com os bancos, da inflação e daí dos aumentos de preços transversais, da clara necessidade de aumentar salários, mas que inevitavelmente têm um forte impacto nas contas das empresas, que acabam por não conseguir transpor todos os diferenciais dos aumentos dos custos nos seus preços de venda e se vêm cada vez menos capazes de conseguir negociar melhores condições, pois essas ficam sempre guardadas para os grandes grupos. Atenção, grandes grupos que são essenciais e cada vez se precisam mais, não é, portanto, uma crítica.
Assim sendo, a questão é: “Quais as alternativas?” Para onde vai evoluir um sector onde em Portugal, mas também muito por todo o mundo, hotéis e restaurantes independentes perfazem a grande maioria da oferta e dos negócios e quando o líder hoteleiro em Portugal tem pouco mais de 3% de quota de mercado.
Positivo é que o mercado e os clientes continuam a procurar estas experiências e não se prevê que vá mudar, esta oferta diversificada, este “salpicado” de hotéis independentes (focando agora na hotelaria), mas onde os preços por força de todas as razões têm de ser substancialmente mais altos que nas grandes unidades, para conseguir suportar uma estrutura de custos fixos, mas que não o são na maioria das vezes para se tornarem competitivos.
Volta a questão então, mas “Como e por onde ir?” Sabemos que a oferta é grande e está constantemente a aumentar, sabemos que os clientes procuram este tipo de experiências e que são fundamentais para o tecido empresarial e para desenvolver o empreendedorismo, mas do outro lado, os custos são e serão cada vez mais desafiantes, os recursos humanos cada vez mais escassos, o talento cada vez mais difícil de captar, a necessidade de promoção e dar a conhecer o “seu produto” cada vez maior e mais cara, portanto, mais uma vez, “Como?”.
É sabido que passei os meus últimos seye anos à procura da solução e o que tirei como conclusão é que não existem certamente, “remédios milagrosos”, nem “soluções mágicas”, e muito menos únicas, valha-nos ao menos isso! Depois da revolução que os canais digitais criaram no mercado, passaram-se pelo menos duas décadas e a próxima revolução mais tarde ou mais cedo irá chegar, que será o grande desafio do futuro. Não sabemos a forma, nem como, nem onde, mas certo é que irá chegar, e, se por um lado podemos ser nós, agentes ativos, a fazer acontecer essa mudança, também é verdade que temos de estar preparados para o que daí vier. Se podendo optar, felizmente, prefiro estar do lado de quem faz acontecer e quer fazer essa mudança acontecer.
*Este artigo foi publicado na edição 347 da Ambitur.