Opinião (I): “O futuro do marketing hoteleiro e a ascensão da inteligência artificial”
Por: Sofia Almeida, coordenadora científica da área de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia
O turismo tem sido um sector muito dinâmico, movido pela inovação e pela necessidade de atender as expectativas crescentes dos turistas. Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) emergiu como uma força transformadora, prometendo revolucionar a maneira como viajamos e interagimos com os destinos e com os serviços turísticos.
No turismo, a IA tem vindo a oferecer soluções inovadoras que pretendem melhorar a eficiência operacional das empresas e a experiência do cliente. Uma das aplicações mais notáveis é o uso de chatbots e de assistentes virtuais. Estes sistemas, alimentados por IA fornecem atendimento ao cliente 24 horas por dia, respondem a perguntas frequentes, e ajudam na elaboração de reservas, através de recomendações personalizadas. Este conjunto de ações melhora a experiência do utilizador e, simultaneamente, liberta os recursos humanos para lidar com questões mais complexas e de mais difícil resolução, por parte das ferramentas de IA. A análise preditiva trata-se de uma outra aplicação que utiliza grande volume de dados para prever tendências de viagem, padrões de comportamento do consumidor e flutuações nos preços. O que permite que as empresas de turismo adaptem as suas estratégias de marketing e de preços de forma mais eficaz, maximizando a receita e a satisfação do cliente. O potencial é imenso.
De entre os benefícios apresentados na adoção de IA ao sector do turismo, a personalização ocupa um lugar cimeiro. As empresas detentoras da capacidade de analisar os dados dos utilizadores, oferecem experiências sob medida, que podem ir desde as recomendações de destinos até a sugestões de atividades e de alojamento. Estes atributos aumentam a satisfação do cliente e promovem a lealdade à marca. Além disso, a IA contribui também para a eficiência operacional. Processos que antes eram manuais e demorados, como a gestão de reservas, check-ins e check-outs, agora podem ser automatizados, reduzindo custos e minimizando erros. A otimização de recursos é um outro benefício significativo, permitindo que as empresas façam mais com menos.
Apesar dos benefícios, a implementação da IA no turismo não é isenta de desafios. A questão da privacidade de dados é um dos principais desafios. A recolha e análise de grandes quantidades de informações pessoais exige que as empresas garantam que trabalham em conformidade com as regulamentações de proteção de dados dos seus países e como o GDPR na União Europeia. A segurança dos dados é crucial para manter a confiança do consumidor. Outro desafio é o impacto no emprego. À medida que mais tarefas são automatizadas, crescem as preocupações sobre a substituição de empregos tradicionais. As empresas devem por isso, investir na sensibilização, na formação e na requalificação de funcionários para garantir que a força de trabalho se adapta às novas funções que vão inevitavelmente surgir com o aparecimento de novas tecnologias.
Apesar de ser um exercício exigente, é possível vaticinar sobre as tendências da IA para o Turismo. Se nos afastarmos das previsões apocalípticas adotadas por muitos filmes científicos que apresentam um duelo renhido entre o Homem e a máquina, conseguimos ver a luz ao fundo do túnel. Assim, numa perspetiva otimista, o futuro do turismo está intrinsecamente ligado à evolução da IA. Espera-se que a integração de tecnologias emergentes, como a realidade aumentada (AR) e a realidade virtual (VR), ofereça experiências imersivas que atraiam um público cada vez mais exigente. Outro conceito prioritário na hotelaria é a sustentabilidade, onde a ajuda da IA é fundamental para otimizar o uso de recursos e reduzir o impacto ambiental das operações turísticas. As empresas que adotarem práticas sustentáveis estarão mais bem posicionadas para atrair os consumidores conscientes.
A IA não é um problema teórico e longínquo, como profetizado na década de 80. É sim, uma preocupação atual e futura para os todos os stakeholders que trabalham no setor. No turismo, numa primeira etapa, a IA é a chave para a sobrevivência e numa etapa posterior, o sucesso passará pela capacidade de adaptação e inovação contínua, aproveitando o potencial da inteligência artificial para criar experiências de viagem inesquecíveis e isto requer o envolvimento profundo de todos os que trabalham no setor do turismo.
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