Na Rota Vicentina com António Gomes, da Herdade da Amália

A Ambitur.pt volta a oferecer-lhe esta rubrica inteiramente dedicada à Rota Vicentina com o intuito de convidar os nossos leitores a embarcarem numa viagem pelo Sudoeste e a conhecerem de perto o que é possível ver e viver nesta região. E quem melhor do que os empresários locais para mostrarem o que a Rota Vicentina tem de melhor? Hoje falamos com António Gomes, CEO Concessionário da Herdade da Amália.

Como se descreve, na primeira pessoa, o CEO Concessionário da Herdade da Amália?

Como me descrevo…? Talvez como alguém que vive bastante o trabalho… Só me sinto profissionalmente realizado quando os meus clientes demonstram estar satisfeitos com o que lhes é apresentado, desde o primeiro welcome, até ao adeus. Para mim é fundamental que o cliente esteja confiante de que a sua escolha foi a indicada, que preenche as suas expectativas. Procuro proporcionar a satisfação total, tanto dos clientes como dos funcionários. Para mim, é o mais importante no meu dia-a-dia na Herdade.

Desde os meus 12 anos que sinto uma enorme curiosidade sobre o mundo do turismo. Perto da casa onde cresci, ia muitas vezes ao encontro dos turistas que precisavam de informações de como chegar ao Cristo Rei. A minha casa ficava no percurso e muitas vezes acompanhava-os na minha bicicleta para que não se perdessem. Foi o meu despertar para a hospitalidade e para a vontade de seguir a carreira do turismo. Aos 18 anos fui estudar para a escola de Turismo de Lisboa, aos 21 anos entrei para o primeiro hotel, O luxuoso LeMeridien – Lisboa. Concorreram cerca de 8 mil candidatos para 200 vagas. Tive a grande sorte de ser recrutado para a copa, fui lavar pratos! Mas foi só uma questão de 15 dias, depois como tinha facilidade em comunicar em várias línguas, o Diretor de F&B transferiu-me para o clube privado do Hotel. Fiquei alguns anos no Meridien, depois fui para um novo hotel no Canadá, como assistente de Banquetes. Aí começou a minha carreira de gestão hoteleira internacional até a posição de Diretor Geral. Trabalhei em várias cadeias hoteleiras, desde Sheraton, Hilton, Holiday Inn, Westin Hotels. Em 2021 voltei a Lisboa e candidatei-me à gerência da Herdade da Amália, e cá estou faz três anos.

Como surgiu o interesse em explorar este negócio? O que esta região tem de tão especial?

O interesse foi… “o destino que o marcou”. A minha mãe, era prima da Amália Rodrigues. Lá em casa falava-se muito do sucesso da prima Amália, mas a família esteve afastada mais de 60 anos… Foi em 1993 em Toronto, durante um concerto que a Amália deu, que tive a oportunidade de me encontrar com ela e fazer a reconciliação da família. Em 2021 desloquei-me à Herdade para participar nas celebrações do centenário da Vida de Amália, e também com a intenção conhecer os meus primos, sobrinhos da Amália. Nesse mesmo dia fui informado de que estava a decorrer um concurso para encontrarem um concessionário para a Herdade. Foi evidente que, com a minha paixão pelo Fado, experiência de gestão hoteleira e gosto pela paisagem deslumbrante da Costa Alentejana e Vicentina, não poderia deixar passar esta oportunidade Para mim seria uma forma de honrar a minha Bisavó, Felisbela de Jesus Rodrigues, irmã do Pai de Amália. Mas mais ainda, o destino estava marcado porque em memória da minha mãe iria tomar conta do legado da Rainha do Fado, nossa prima, nossa família. Tenho-o feito com muito empenho e dedicação, este legado pertence a todos os portugueses! Um património mundial.

Esta região tem algo de muito especial e único. Como se fosse o último pedacinho do melhor que a natureza tem para oferecer a quem visita Portugal. É um último exemplo do que foi a costa litoral do sul da Europa durante milhares de anos. E este pedacinho é Alentejano, e é nosso!

Como contribui a Rota Vicentina para o desenvolvimento turístico da região?

A Rota Vicentina é um dos marcos mais importantes para o turismo de natureza da região. Estas são as palavras dos turistas internacionais que me dizem que a experiência nesta costa é única e das mais deslumbrantes da Europa. São muitos os artigos dos últimos 5 anos em que os media internacionais têm referido a Costa Alentejana e Vicentina, como um dos lugares de natureza a visitar em Portugal. A prova mais recente disso foi este ano, o lançamento do livro: “O Trilho dos Pescadores” por um dos escritores holandeses mais conceituados, Tim Lootz, um perito nesta área de paisagens naturais. Desde o lançamento do seu livro, que a herdade e a região têm recebido muitos visitantes holandeses, para viverem as experiências vividas e contadas pelo autor. Uma das maiores empresas de turismo norte-americano dedicada aos aficionados da natureza, a “Backroads” escolheu 2024/25, a Costa Alentejana e Vicentina para nos trazer cerca de 2,000 visitantes com estadia na média de sete dias, equivalente a milhares de euros exclusivamente para a região.

Qual a designação da unidade hoteleira? Qual a sua classificação? A que público(s)-alvo(s) se destina?

A Herdade Amália é um espaço de Turismo de Habitação na costa vicentina, no caminho do “Trilho dos Pescadores”. Durante muitos anos foi a casa de Amália Rodrigues, chamava-lhe “O meu Santuário, o meu Retiro”. De acordo com as suas palavras, os seus momentos mais felizes foram ali passados, durante 40 anos. A Herdade é um legado único com a sua arquitetura moderna dos anos sessenta. A casa principal mantém a decoração dessa época, os bonitos jardins, plantados por ela, e a paisagem deslumbrante “de cortar a respiração”. O nosso público é todo aquele que procura algo único e que não vai encontrar noutras partes do país, principalmente no mercado português. Quem mais nos procura, fora da época do verão, é essencialmente o público feminino, dos países do norte da Europa. Os portugueses quando entram costumam dizer, com alguma emoção: “Parece que a Dona Amália está no meio de nós”. Os estrangeiros encantam-se principalmente pelas cores do pôr-do-sol no Oceano.

Qual a experiência que pretendem proporcionar aos vossos hóspedes?

O que nós queremos é que os nossos clientes tenham uma experiência tão única, que nunca lhes saia da memória. E que quando voltarem aos seus países, às suas casas, a Herdade da Amália seja tema de conversa com amigos, colegas de trabalho e familiares, sempre que se falar de destinos turísticos de natureza ! Depois claro, a comunicação dos detalhes e o historial da Herdade é essencial para nos diferenciar. O legado cultural de Amália Rodrigues é único na história de Portugal. Por isso é muito importante que estejamos extremamente atentos ao serviço e detalhes que os funcionários proporcionam durante a estadia.

Que serviços vos fazem ser diferentes?

A atenção prestada individualmente a cada hóspede que entra na herdade é essencial para nos destacarmos no meio turístico. Somos uma unidade pequena e por isso, sejam casais, famílias ou pessoas sozinhas, a maior parte senhoras, podemos sempre prestar essa atenção especial. Desde as refeições com os ingredientes frescos da horta, ao silêncio/sossego que a propriedade oferece, ao conforto dos quartos, até a participação das tarefas do jardim, tudo nos torna diferentes. Os nossos trilhos históricos, do moinho de água à cascata, até aos banhos de mar na linda praia Amália, são outros dos incentivos para ficarem hospedados na herdade. A caça ao tesouro dos piratas, na gruta da herdade, para os mais novos, também é sempre um momento alto para as famílias. E depois claro, o pôr- do-sol, os momentos no relvado da piscina, ou em frente à lareira nas noites menos quentes do Alentejo.

Que cuidados ao nível do atendimento do cliente a vossa unidade não deixa escapar?

Ter a certeza que excedemos as expectativas de quem lá entra. Chegam como clientes e saem como amigos. Muitas vezes exclamam “até parece que estamos em nossa casa”! Nada me deixa mais realizado do que receber elogios dos hóspedes relativamente à forma como foram recebidos. E muitas vezes a prova disso está quando, no momento do check-out, me pedem para me juntar a eles para tirarmos uma fotografia, que vai carregada de memórias e saudades.

O que se destaca nos quartos e sua decoração? Que categorias oferecem ao mercado?

Para começar a casa é um projeto arquitetónico de Conceição e Silva, o que por si só já é um excelente cartão de visita. Ficar na Herdade acaba por ser uma oportunidade única de vivenciar um espaço pensado por este grande arquiteto português, um dos mais importantes do século XX.

A nossa decoração, tal como a obra de Conceição e Silva é singular eu diria… porque temos que balançar entre a preservação das peças do Museu de Amália e o conforto e equipamento que é esperado num Hotel. Este é um espaço onde a cultura se cruza com o turismo e vice-versa. Para nós uma das coisas mais importantes foi manter esta ideia de refúgio para os nossos hóspedes, tal como o foi durante 30 anos para Amália Rodrigues e o seu marido César Seabra. A Herdade, era o refúgio de férias dos dois. Em termos de categorias, a casa principal conta com suítes viradas para o mar e piscina. Quartos com vista jardim, e estúdios na casa original com kitchenette, com vista mar e terraços no jardim.

Ao nível das zonas públicas, como a unidade envolve o hóspede?

O hóspede é convidado a descobrir os trilhos, participar na recolha dos vegetais e flores para a casa. Desfrutar da piscina para lazer ou exercício físico. Escolher um livro da nossa seleção literária e desfrutar de um momento calmo, para o ler debaixo das sombras das nossas árvores, que muitas vezes acaba caído na relva, porque uma boa sesta foi a prioridade! Ou simplesmente estar, descansar nas nossas cadeiras a olhar para o mar, observar as muitas aves do parque natural que fazem os seus voos na baía como se fosse um “bailado fadista”. Mais ao fim da tarde, chega a altura dos nossos hóspedes prepararem as câmaras para as belíssimas fotografias que o pôr-do-sol irá proporcionar. À noite é só contemplar o céu estrelado, enquanto saboreiam um cálice de vinho do porto.

Têm serviço de restauração, que ambiente ali é recriado?

O serviço de restauração está disponível apenas para os nossos hóspedes. Podem escolher diariamente, entre carne, peixe ou prato vegetariano, acompanhado por um bom vinho Alentejano, claro. As mesas são posicionadas para o oceano e pôr- do- sol e como seria de esperar os jantares são servidos sempre ao som dos fados de Amália Rodrigues.

Têm sugestões/programas do que os vossos clientes podem fazer na região onde se inserem?

Sim, temos muita informação dos serviços disponíveis na região. Desde as adegas da Costa Alentejana e Vicentina, mini golf, passeios de barco e a cavalo, surf, visitas à maior plantação de bambu da europa, até aos mercados regionais.