INE: Portugal recebeu 26,5 milhões de turistas em 2023 e taxa de sazonalidade desceu

Estima-se que, em 2023, o número de chegadas de turistas não residentes a Portugal tenha atingido 26,5 milhões, correspondendo a um acréscimo de 19,2% face a 2022. Comparando com 2019, verificou-se um aumento de 7,7% do número de chegadas de turistas não residentes a Portugal.

O mercado espanhol manteve-se como principal mercado emissor de turistas internacionais (quota de 25,2%), tendo crescido 16,7% face ao ano anterior. O mercado do Reino Unido (12,6% do total) voltou a ser o segundo principal mercado emissor, aumentando 14,0%, enquanto o número de turistas franceses (12,4% do total, segundo principal mercado em 2022) cresceu 11,0%. Para além do agrupamento ‘Outros do Mundo’ (+44,8%), os maiores crescimentos foram registados pelos mercados norte-americano (+34,2%) e italiano (+29,2%).

Principais indicadores da atividade turística ultrapassaram os níveis de 2019

Considerando a generalidade dos meios de alojamento (estabelecimentos de alojamento turístico, campismo e colónias de férias e pousadas da juventude), a 31 de julho de 2023, estavam em atividade e com movimento de hóspedes, 8.015 estabelecimentos, correspondendo a um aumento de 7,9% face a 2022 e a um aumento médio anual de 2,9% desde 2019.

A generalidade dos meios de alojamento turístico registou aumentos de 12,5% no número de hóspedes e de 10,3% nas dormidas, totalizando 32,5 e 85,1 milhões, respetivamente. Estes números refletem, de resto, crescimentos médios anuais de 2,4% e 2,3%, pela mesma ordem, desde 2019, evidenciando a retoma da atividade do setor depois da crise gerada pela pandemia de COVID-19.

Todas as regiões registaram acréscimos no número de dormidas em 2023, destacando-se o Oeste e Vale do Tejo (+18,2%), o Norte (+14,0%) e a Grande Lisboa (+11,8%) com as maiores variações, sendo menos expressivos no Algarve (+6,7%) e no Centro (+6,9%). Em comparação com 2019, o Algarve e a Península de Setúbal foram as exceções, ao ficarem, em termos de dormidas, ainda aquém dos níveis pré-pandemia (-1,5% e -0,9% respetivamente).

O mercado interno gerou um terço das dormidas em 2023, 28,1 milhões, mais 2,1% do que no ano anterior, e os mercados externos deram origem a 57,1 milhões de dormidas, refletindo um crescimento anual de 14,9%. Face a 2019, as dormidas de não residentes ganharam expressão, ainda que de forma muito ligeira (+0,6 p.p.), e registaram um crescimento de 10,4%, acima da variação observada nas dormidas de residentes (+7,5%). O Reino Unido manteve-se como principal mercado emissor em 2023 (18,0% do total de dormidas de não residentes) e registou um crescimento de 10,2% das dormidas (+5,9% face a 2019), seguido do mercado alemão (11,8% do total), que aumentou 12,4% (+5,9% face 2019), mantendo a 2ª posição. Espanha manteve-se como terceiro mercado emissor (10,6% do total) e registou um acréscimo de 8,3% (+5,4% face a 2019).

Peso dos três principais mercados com trajetória decrescente

As dormidas de não residentes representaram 67% das dormidas na generalidade dos meios de alojamento em 2023, tendo este sido o ano, desde 2013, em que se observou uma maior dependência dos mercados internacionais, apenas superado pelo ano de 2017, em que estes mercados totalizaram 67,8% do total.

Considerando o período compreendido entre 2013 e 2023, a dependência do principal mercado externo registou o terceiro valor mais baixo em 2023, apenas superado pelos anos de 2021 e de 2020 (em que o principal mercado representou 16,2% e 16,6% das dormidas de não residentes), anos fortemente influenciados pela pandemia. Face a 2013, registou-se um decréscimo de 4,9 p.p. do peso do principal mercado no total das dormidas de não residentes.

Analisando o conjunto dos três principais mercados externos, em 2023, estes representaram 40,3% do total das dormidas de não residentes na generalidade dos meios de alojamento, o valor mais baixo desde 2013. Excluindo os anos de 2020 e 2021, que foram mais influenciados pela crise gerada pela pandemia, desde 2016 que o peso dos três principais mercados tem vindo a diminuir. Face a 2013, registou-se um decréscimo de 7,5 p.p..

Em 2023, a Grande Lisboa foi a região NUTS II onde se registou uma menor dependência, quer do principal mercado externo (15,2%) quer do conjunto dos 3 principais mercados externos (33,1%). Enquanto regiões com menor dependência do principal mercado externo, seguiram-se os Açores (17,6%), o Alentejo (19,2%) e o Norte (19,3%), enquanto a Península de Setúbal foi a segunda região com menor peso do conjunto dos três principais mercados externos (42,2%).

Em sentido contrário, o Algarve foi a região mais dependente do principal mercado externo, que representou 35,4% das dormidas de não residentes na região,seguindo-se o Oeste e Vale do Tejo (25,7%) e o Centro (25,5%). A Madeira foi a região mais dependente do conjunto dos 3 principais mercados externos (57,4%), seguida do Algarve (57,2%).

Taxa de sazonalidade atingiu valor mais baixo desde 2013

A taxa de sazonalidade, ou seja, o peso relativo dos três meses de maior procura relativamente ao total anual, diminuiu para 36,9% e atingiu o valor mais baixo desde 2013. Este indicador foi mais elevado nos residentes (41,3%) do que nos não residentes (34,8%).

O Alentejo foi a região que registou maior taxa de sazonalidade (44,5%), seguido pela Península de Setúbal (42,5%), enquanto na Grande Lisboa e na Madeira se registaram os valores mais baixos deste indicador (29,9% e 30,2%, respetivamente).

Considerando as dormidas de residentes, o Algarve foi a única região a apresentar uma taxa de sazonalidade superior a 50% (55,9%). Na Grande Lisboa e nos Açores este indicador atingiu 26,8% e 30,8%.

Relativamente às dormidas de não residentes, as maiores taxas de sazonalidade observaram-se nos Açores (48,7%) e no Centro (42,1%). Em sentido contrário, a Madeira (29,6%) e a Grande Lisboa (30,7%) registaram os valores mais baixos deste indicador.

Dormidas cresceram em todos os meios de alojamento

Em 2023, os estabelecimentos de alojamento turístico (hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural/habitação) registaram 30,0 milhões de hóspedes, que proporcionaram 77,2 milhões de dormidas (+13,2% e +10,7%, respetivamente).

Os parques de campismo receberam 2,1 milhões de campistas (+3,6%), correspondendo a 7,2 milhões de dormidas (+6,3%). Face a 2019, os hóspedes cresceram ligeiramente (+1,3%), mas as dormidas foram inferiores (-2,6%).

As colónias de férias e pousadas da juventude receberam 347,5 mil hóspedes, (+12,3%), que totalizaram 781,4 mil dormidas (+9,2%).

Tendência decrescente de concentração de proveitos no setor

As dormidas dos estabelecimentos de alojamento turístico (hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural/habitação) resultaram em crescimentos de 20,0% nos proveitos totais e 21,4% nos de aposento, em 2023, totalizando 6 015,3 e 4 622,6 milhões de euros, respetivamente, valores que refletem, pela mesma ordem, crescimentos de 8,8% e 9,4%, em média, por ano, desde 2019.

O rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) atingiu 64,8 euros (+15,4%) e o rendimento médio por quarto ocupado foi de 113,0 euros (+9,1%).

O índice de Herfindahl–Hirschman (IHH), indicador que permite avaliar níveis de concentração, calculado com base nos proveitos totais dos estabelecimentos de alojamento turístico (hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural/habitação), revela uma tendência de redução da concentração no setor (e, por isso, um aumento da concorrência), com pequenas oscilações no período da pandemia de COVID-19, tendo atingido 28,5 em 2023 (45,6 em 2013), o valor mais baixo neste período. Numa análise por segmento, em 2023, o IHH foi mais baixo no alojamento local (20,0), seguindo-se a hotelaria (37,0) e o turismo no espaço rural e de habitação (47,4).

Em termos regionais, o IHH atingiu os valores mais elevados na Península de Setúbal (472,6), na Madeira (347,9) e nos Açores (315,2), em 2023. Os valores mais reduzidos observaram-se no Norte (62,1), no Centro (76,3) e na Grande Lisboa (90,1)

Viagens turísticas de residentes com destino ao estrangeiro registaram máximo histórico em 2023

Em 2023, 51,7% da população residente em Portugal efetuou pelo menos uma viagem turística (resultados do Inquérito às Deslocações dos Residentes), o que representou um acréscimo de 4,0 p.p. face a 2022 (mais 431,9 mil turistas), correspondendo a 5,3 milhões de indivíduos, número ainda 2,1% abaixo do total de 2019.

As deslocações turísticas dos residentes atingiram os 23,7 milhões, refletindo uma variação anual de 4,6%, embora ainda aquém dos valores de 2019 (-3,2%). As viagens em território nacional aumentaram 2,4% (-4,3% face a 2019), atingindo 20,4 milhões (86,4% do total, 88,3% em 2022 e 87,3% em 2019). As deslocações para o estrangeiro ganharam representatividade (13,6%, +1,9 p.p. acima do valor de 2022, +1,0 p.p. face a 2019) ao alcançarem 3,2 milhões em 2023 (+21,5% face ao ano anterior, +4,1% em comparação com 2019).

As viagens turísticas dos residentes geraram mais de 96,5 milhões de dormidas (+2,0% face a 2022, -2,7% face a 2019), tendo a maioria ocorrido em Portugal (77,1% do total, 78,4% em 2022 e 77,6% em 2019). As dormidas em Portugal registaram um acréscimo de 0,3%, enquanto as ocorridas no estrangeiro aumentaram 8%, aproximando-se dos níveis de 2019 (-3,2% e -0,8%, respetivamente).

O “alojamento fornecido gratuitamente por familiares ou amigos” manteve-se como o meio de alojamento mais utilizado nas dormidas dos residentes, concentrando 39,6 milhões de dormidas (41,0% do total, +1,5 p.p. do que no ano anterior e +2,4 p.p. face a 2019). Nas deslocações nacionais, esta modalidade de alojamento prevaleceu (44,9% das dormidas, +3,2 p.p. do que em 2022 e +3,3 p.p. em comparação com 2019), mas nas viagens para o estrangeiro foram os “estabelecimentos hoteleiros e similares” a preferência dos residentes (53,2% das dormidas, -1,1 p.p. do que em 2022, -0,5 p.p. do que em 2019).

Em 2023, a despesa média por turista em cada viagem teve um acréscimo de 4,3% face ao valor de 2022, fixando-se em 242,4 euros (+23,9% face a 2019). Nas deslocações domésticas, os residentes gastaram, em média, 164,3 euros por turista/viagem, +1,1 euros que em 2022 e +31,3 euros em comparação com 2019. Nas deslocações para o estrangeiro, o gasto médio por turista/viagem decresceu 2,1% em 2023 (+17,5% do que em 2019), tendo atingido 736,6 euros.