INE: Atividade turística de 2022 cerca de 10% abaixo dos níveis pré-pandemia

Em 2022, estima-se que o número de chegadas de turistas não residentes a Portugal tenha atingido os 22,3 milhões, correspondendo a um acréscimo de 131,4% face a 2021, ficando abaixo dos níveis de 2019, em -9,6%.

A generalidade dos meios de alojamento turístico registou 28,9 milhões de hóspedes, em 2022, que proporcionaram 77,2 milhões de dormidas, tendo aumentado 80,7% e 81,1%, respetivamente (+36,9% e +40,7%, em 2021), ficando, ainda assim, ligeiramente abaixo dos níveis de 2019 (-2,2% e -0,8%). O mercado interno assegurou 27,5 milhões de dormidas e cresceu 22,2% no ano passado (+5,3% face a 2019). As dormidas de não residentes aumentaram de forma expressiva (+146,9%; -3,9% face a 2019), correspondendo a 49,7 milhões.

Nos estabelecimentos de alojamento turístico, os proveitos totais ascenderam a 5 mil milhões de euros (+115,2%) e os de aposento a 3,8 mil milhões de euros (+117,3%). Face a 2019, também se registaram crescimentos, de 16,7% e 17,9%, respetivamente. O rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) foi 74 euros em 2022 (+127,2% face a 2021 e +49,8% comparando com 2019) e o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) correspondeu a 103,6 euros (+17,4% que em 2021 e +16,1% face a 2019).

As deslocações turísticas dos residentes atingiram 22,6 milhões, refletindo uma variação anual de 29,2%, mas ficando ainda aquém dos valores de 2019 (-7,5%). As viagens em território nacional aumentaram 21,0% (-6,5% face a 2019), atingindo 20 milhões.

As deslocações para o estrangeiro alcançaram 2,7 milhões (+162,5%, -14,3%, em comparação com 2019). Em 2022, a despesa média por turista em cada viagem teve um acréscimo de 18,3% face a 2021, fixando-se em 232,5 euros (+18,8% face a 2019). Nas deslocações em território nacional, os residentes gastaram, em média, 163,3 euros por turista/viagem, -6,8 euros que em 2021, mas +30,2 euros em comparação com 2019. Nas deslocações para o estrangeiro, o gasto médio por turista/viagem foi 752,5 euros, +19,7% em relação ao ano anterior e +20,1% face ao ano pré-pandemia.

Chegadas de turistas a Portugal mais do que duplicaram, mas ficaram aquém de 2019

Depois de dois anos em que o setor do turismo foi fortemente afetado pela pandemia, o ano de 2022 foi significativamente marcado pelo regresso dos turistas estrangeiros a Portugal, aproximando-se dos valores recorde de 2019 nos principais indicadores.

O mercado espanhol manteve-se como principal mercado emissor de turistas internacionais (quota de 25,8%), tendo crescido 97,4% face ao ano anterior. O mercado francês (13,3% do total) continuou em segundo lugar (terceiro em 2019), aumentando 91,1%. Os turistas do Reino Unido (13,2% do total, terceiro principal mercado em 2022, segundo em 2019) registaram também uma variação positiva (+186,8%).

Proveitos nos estabelecimentos de alojamento turístico ultrapassaram os níveis pré-pandemia

Considerando a generalidade dos meios de alojamento (estabelecimentos de alojamento turístico, campismo e colónias de férias e pousadas da juventude), a 31 de julho de 2022, estavam em atividade e com movimento de hóspedes, 7.431 estabelecimentos, correspondendo a um aumento de 13,1% face ao ano anterior (+3,9% comparando com 2019).

Nos estabelecimentos de alojamento turístico (hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural/habitação), concentraram-se 91,9% dos hóspedes e 90,3% das dormidas, seguindo-se os parques de campismo (7% e 8,8%, respetivamente) e as colónias de férias e pousadas da juventude (1,1% e 0,9%).

Todas as regiões registaram acréscimos do número de dormidas, destacando-se a AM Lisboa (+121,1%), a Madeira (+90,9%) e o Norte (+86,6%) com as maiores variações, enquanto no Alentejo e no Centro os crescimentos foram mais reduzidos (+29,8% e +55,5%, respetivamente). Comparando com 2019, registaram-se crescimentos na Madeira (+12,3%), no Norte (+7,4%), nos Açores (+6,6%) e no Alentejo (+1,5%), enquanto no Algarve, na AM Lisboa e no Centro se verificaram decréscimos de 7,7%, 3,8% e 1,3%, respetivamente.

As dormidas de não residentes aumentaram de forma expressiva (+146,9%), mas ficaram 3,9% abaixo dos valores de 2019, correspondendo a 49,7 milhões (64,4% do total, após 47,2% em 2021 e 66,4% em 2019), destacando-se o Reino Unido, que manteve a maior representatividade (18,8% do total das dormidas de não residentes) e registou um crescimento de 186,6% (-3,9% face a 2019). Seguiu-se o mercado alemão (12,1% do total), que aumentou 138,8% (-5,8% face a 2019), ultrapassando o mercado espanhol (quota de 11,2%; +88,7%; -2,7% face a 2019).

Em 2022, os estabelecimentos de alojamento turístico registaram 26,5 milhões de hóspedes, que proporcionaram 69,7 milhões de dormidas, refletindo crescimentos de 83,4% e 86,7%, respetivamente (-2,3% e -0,7% face a 2019). Os parques de campismo receberam dois milhões de campistas (+47,5% face a 2021), correspondendo a 6,8 milhões de dormidas (+36,9%). Face a 2019, os hóspedes cresceram ligeiramente (+1,3%), mas as dormidas decresceram (-2,6%).

As colónias de férias e pousadas da juventude receberam 309,4 mil hóspedes, que totalizaram 715,8 mil dormidas, registando crescimentos expressivos face ao ano precedente (+128,6% e +114,5%).

Apesar dos aumentos, não foram retomados os níveis de 2019, registando-se decréscimos de 10,7% nos hóspedes e 0,9% nas dormidas.

Deslocações turísticas dos residentes em aceleração, principalmente para o estrangeiro

Em 2022, 47,7% da população residente em Portugal efetuou pelo menos uma viagem turística (resultados do Inquérito às Deslocações dos Residentes), o que representou um acréscimo de 3,7% face a 2021 (mais 373,4 mil turistas), correspondendo a 4,9 milhões de indivíduos. Comparando com 2019, o número de turistas diminuiu 10,1% (-547,3 mil turistas).

As deslocações turísticas dos residentes atingiram 22,6 milhões, refletindo uma variação de +29,2%, mas ficando aquém dos valores de 2019 (-7,5%). As viagens em território nacional aumentaram 21% (-6,5% face a 2019), atingindo 20 milhões (88,3% do total, 94,2% em 2021 e 87,3% em 2019). As deslocações para o estrangeiro ganharam representatividade (11,7%, +6% comparando com 2021; -0,9% face a 2019) ao alcançarem 2,7 milhões (+162,5%, -14,3% em comparação com 2019).

As viagens turísticas dos residentes geraram mais de 94,6 milhões de dormidas em 2022 (+14,5% face a 2021, -4,6% face a 2019), tendo a maioria ocorrido em Portugal (78,4% do total, 88,5% em 2021 e 77,6% em 2019). As dormidas em Portugal registaram um acréscimo de 1,5%, e as ocorridas no estrangeiro aumentaram 114,9%, reforçando a trajetória de recuperação face aos níveis de 2019 (-3,6% e -8,1%).

O “alojamento fornecido gratuitamente por familiares ou amigos” manteve-se como a modalidade mais utilizada nas dormidas dos residentes em 2022, concentrando 37,4 milhões de dormidas (39,5% do total, -0,04% do que no ano anterior e +0,9% face a 2019). Nas deslocações nacionais, esta modalidade de alojamento prevaleceu (41,7% das dormidas, +2,4% do que em 2021 e +0,1% em comparação com 2019), enquanto nas viagens para o estrangeiro, os “estabelecimentos hoteleiros e similares” passaram a ser a preferência dos residentes (54,2% das dormidas, +18,3% do que em 2021), superando também o registo do período pré-pandemia (+0,6%).

Em 2022, a despesa média por turista em cada viagem teve um acréscimo de 18,3% face a 2021, fixando-se em 232,5 euros (+18,8% face a 2019). Nas deslocações domésticas, os residentes gastaram, em média, 163,3 euros por turista/viagem, -6,8 euros que em 2021, mas +30,2 euros em comparação com 2019.

Remuneração bruta mensal por trabalhador aumentou 4,5% nas atividades de alojamento

Em 2022, a remuneração bruta mensal por trabalhador (considerando o total da economia) aumentou 3,7% em relação a 2021, correspondendo a 1.412 euros (1.362 euros em 2021).

Especificamente nas atividades de Alojamento, a remuneração bruta mensal por trabalhador situou-se em 1.165 euros em 2022 (1.115 euros em 2021), inferior em 247 euros ao registado no total da economia. Face ao ano anterior, a remuneração bruta mensal por trabalhador neste ramo de atividade aumentou 4,5% (+7,5% em 2021).

VAB gerado pelo turismo aumentou 72,7%, representando 8,9% do VAB nacional em 2022

Segundo a estimativa preliminar da Conta Satélite do Turismo, em 2022, registou-se um aumento nominal de 72,7% do Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo (VABGT), face a 2021. O VABGT representou 8,9% do VAB nacional (5,7% em 2021), superando os níveis de 2019, ano em que representava 8,1% do VAB da economia.

Estima-se que a atividade turística tenha gerado um contributo direto e indireto de 29,2 mil milhões de euros para o PIB em 2022, o que corresponde a 12,2% (7,8% em 2021 e 6,6% em 2020).