Hotelaria no Feminino com… Ana Teresa Matos
A Ambitur.pt tem estado ao lado do setor da Hotelaria em Portugal, seguindo tendências, anunciando novidades, acompanhando mudanças. Trazemos-lhe assim mais uma rubrica, desta feita procurando a visão das mulheres que escolheram o mundo dos hotéis para o seu percurso profissional. Como é ser mulher nesta indústria? É o que procuramos saber com “Hotelaria no Feminino”. E a conversa hoje leva-nos ao Porto, mais concretamente a conhecer a diretora geral do PortoBay Flores, Ana Teresa Matos. A profissional sente que, cada vez mais, as mulheres se destacam na liderança hoteleira em Portugal.
É difícil ser mulher na hotelaria em Portugal nos dias de hoje? Observa alguma evolução desde o seu primeiro emprego no setor?
Tudo é fácil, para quem é apaixonado pelo que faz. Sem dúvida, as mulheres cada vez ganham maior destaque na liderança hoteleira.
Quando começou a trabalhar no setor hoteleiro e onde?
Em 1995, assim que entrei na ESHTE, comecei logo a fazer extras de forma a aprender ao máximo como se trabalhava dentro de um hotel de A a Z.
O que a motivou a trabalhar na hotelaria?
Depois de não ter conseguido entrar na força aérea, apaixonei-me perdidamente por hotelaria e nada me deteve em ir atrás desse sonho. Então hoje em dia, sou 10 vezes mais apaixonada do que quando iniciei. O cuidar, receber com amor, criar momentos de alegria e reflexão na vida das pessoas desde os nossos clientes a todas as pessoas com quem trabalhamos no nosso dia a dia, fascinam-me.
Qual a sua função no grupo hoteleiro em que trabalha? Desde quando ocupa esse cargo? E como é o seu dia a dia?
Sou diretora geral dos dois hotéis PortoBay no Porto. Vim da Madeira com a PortoBay, para fazer o takeover/abertura destas duas unidades.
O meu dia a dia, é simplesmente incrível, pois todos os dias tenho desafios diferentes pela frente. Eu moro em Aveiro, trabalho na cidade do Porto, pelo que todos os dias durante a viagem, tenho esse tempo para organizar a minha agenda.
Tento dividir-me entre os dois hotéis, de forma a dar todo o apoio que os “meus meninos” necessitam.
Tenho uma Equipa incrível, que me faz entrar e sair todos os dias com um sorriso na cara.
Alguma vez sentiu, ao longo da sua carreira, mais dificuldade em aceder a determinado cargo/função por ser mulher? Considera que ser mulher é um fator que dificulta o crescimento profissional?
Honestamente? Nunca senti isso. Achei que depois de ser mãe poderia ser excluída de alguma forma, mas antes pelo contrário. Considero-me uma afortunada, toda a administração PortoBay, são de uma riqueza humana fora de série. Engravidei quando já estava na PortoBay e sempre foi uma alegria para todos com quem trabalhava.
Na sua opinião, há um equilíbrio ou desequilíbrio no número de mulheres versus homens que trabalham no setor? De que forma isso se verifica – nos cargos exercidos, nos salários oferecidos? E porque razão considera que é assim?
Em cargos de liderança, em Portugal, ainda prevalecem os homens. No entanto, a quantidade não é sinonimo de capacidade/qualidade. Em termos salariais nunca tive essa curiosidade.
No seu hotel/grupo hoteleiro quem está em maioria – mulheres ou homens? E na equipa onde trabalha?
Mulheres.
No seu caso pessoal, gosta mais de trabalhar com equipas de mulheres, só de homens ou mistas?
Não lhe consigo responder a essa questão. Gosto de trabalhar com pessoas que tenham paixão e vontade de fazer. Não consigo identificar pelo sexo.
É fácil conjugar a sua vida pessoal/familiar com a vida profissional? Sente uma maior pressão em atingir este equilíbrio pelo facto de ser mulher?
Não é fácil, mas também não é difícil. Temos de pensar que não existem super mulheres, por isso, só temos de ter uma certeza: que fizemos o nosso melhor. Se todos os dias nos deitarmos com essa certeza, tudo fica mais leve.
O que pensa que a visão feminina pode trazer de diferenciador e de positivo ao setor hoteleiro?
Eu sou de uma família em que quem reina são as mulheres. Desde que sou gente que me foi ensinado que nós conseguimos tudo. Com esforço, dedicação, máximo rigor e vontade de fazer mesmooo bem feito, tudo se consegue. Sempre me foi instruído que temos de colocar “intenção” em tudo o que fazemos. Desde um simples “bom dia” a uma mega reclamação. Não podemos fazer só por fazer. Não podemos atender um cliente, só por atender. Não podemos fazer um almoço, só por fazer. Temos de atender “o cliente X”, da forma mais genuína e personalizada possível. Tudo tem de ser feito com um propósito. Eu tenho a intenção de que o meu cliente seja o mais bem recebido possível. Só desta forma conseguimos reter talentos bem como ter clientes felizes. E as mulheres, sem dúvida, penso que o sabem desempenhar muito bem.
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