Hotelaria no Feminino com… Ana Rita Amorim
A Ambitur.pt tem estado ao lado do setor da Hotelaria em Portugal, seguindo tendências, anunciando novidades, acompanhando mudanças. Hoje trazemos-lhe mais uma rubrica, desta feita procurando a visão das mulheres que escolheram o mundo dos hotéis para o seu percurso profissional. Como é ser mulher nesta indústria? É o que procuramos saber com “Hotelaria no Feminino”. A conversa desta semana é com Ana Rita Amorim, sales manager no Pestana Pousadas de Portugal. A profissional não tem dúvidas de que a sensibilidade e a atenção ao detalhe das mulheres podem ser uma mais-valia para o setor.
É difícil ser mulher na hotelaria em Portugal nos dias de hoje? Observa alguma evolução desde o seu primeiro emprego no setor?
Trabalhar em hotelaria exige resiliência, paixão pela indústria e gosto em lidar com pessoas. Ser mulher, especialmente enquanto mãe, apresenta desafios devido aos horários exigentes e ao grau de envolvimento que a operação de um hotel requer. No entanto, com um bom suporte familiar e flexibilidade por parte das chefias, é perfeitamente possível conciliar estas responsabilidades com sucesso. Felizmente, o setor tem evoluído bastante nos últimos anos.
Quando começou a trabalhar no setor hoteleiro e onde?
Iniciei a minha carreira em 2005, a convite do presidente do Grupo Lágrimas. Embora a minha formação não fosse na área, a hotelaria tornou-se uma parte essencial da minha vida profissional. Desde então, tem sido uma interessante jornada de crescimento e aprendizagem.
O que a motivou a trabalhar na hotelaria?
A hotelaria surgiu na minha vida de forma inesperada, mas rapidamente se transformou numa paixão. Hoje, dificilmente me vejo a exercer outra profissão, adoro o que faço.
Qual a sua função no grupo hoteleiro em que trabalha? Desde quando ocupa esse cargo? E como é o seu dia a dia?
Entrei no Pestana Hotel Group em 2015, como Sales Manager, para preparar a abertura da Pousada de Lisboa – Praça do Comércio, unidade onde estive a 100% até 2022 e pela qual tenho um carinho muito especial. Este projeto surge na altura da implementação de um novo plano estratégico das Pousadas Portugal e no reposicionamento da marca no segmento de luxo. A Pousada é membro da Small Luxury Hotels of the World desde a sua abertura. Dois anos mais tarde integrou a Virtuoso e ao longo dos anos temos sido aceites noutros consórcios e programas que nos têm ajudado a consolidar a Unidade neste segmento que, para nós, é essencial.
Durante a pandemia, foi-me feito o convite para assumir as mesmas funções, mas agora, para todas as Pousadas de Portugal, função que exerço até hoje. É muito interessante trabalhar com um portfolio de hotéis como as Pousadas de Portugal, pela sua riqueza histórica, pelo carácter e pelas particularidades de cada uma e sobretudo pela abrangência. O facto de termos Pousadas com diferentes posicionamentos permite-nos ter diferentes abordagens na forma como as trabalhamos. A promoção, a distribuição e a comercialização é muito diferente, o que faz com que seja muito enriquecedor.
Alguma vez sentiu, ao longo da sua carreira, mais dificuldade em aceder a determinado cargo/função por ser mulher? Considera que ser mulher é um fator que dificulta o crescimento profissional?
Tive a sorte de trabalhar em empresas e equipas diversificadas, nunca senti qualquer barreira por ser mulher. Acredito que a diversidade enriquece as equipas e as estruturas empresariais. Embora reconheça que, em muitos contextos, as mulheres precisam trabalhar um pouco mais para alcançar os mesmos objetivos que os homens, nunca senti que isso limitasse o meu crescimento profissional.
Na sua opinião, há um equilíbrio ou desequilíbrio no número de mulheres versus homens que trabalham no setor? De que forma isso se verifica nos cargos exercidos, nos salários oferecidos? E por que razão considera que é assim?
No geral, a hotelaria é um setor inclusivo e democrático, com lugar para todos. Ainda assim, há funções que tendem a ser ocupadas predominantemente por um género, como manutenção (maioritariamente homens) e housekeeping (maioritariamente mulheres). Estas diferenças refletem-se nas funções específicas, mas o setor em si é bastante aberto.
No seu grupo hoteleiro quem está em maioria – mulheres ou homens? E na equipa onde trabalha?
Somos maioritariamente mulheres, quer na empresa onde estou alocada, quer na equipa.
No seu caso pessoal, gosta mais de trabalhar com equipas de mulheres, só de homens ou mistas?
Prefiro trabalhar em equipas mistas e diversificadas. O mais importante é que todos se sintam envolvidos, haja espírito de equipa e de interajuda e, juntos, trabalharmos para atingir os objetivos.
É fácil conjugar a sua vida pessoal/familiar com a vida profissional? Sente uma maior pressão em atingir este equilíbrio pelo facto de ser mulher?
Em hotelaria é um desafio conseguir-se conjugar a vida pessoal com a vida profissional, sobretudo em determinadas funções. O facto de um hotel estar aberto 24/7 é, muitas vezes, difícil conseguir-se este balanço. Por esse motivo é que a hotelaria tem de ser uma paixão. Esta é uma realidade para todos, independentemente do género.
O que pensa que a visão feminina pode trazer de diferenciador e de positivo ao setor hoteleiro?
O segredo está na diversidade das equipas. Quanto mais multidisciplinares e multiculturais as equipas forem, melhor para a organização. A sensibilidade e atenção ao detalhe das mulheres podem ser uma mais-valia para o setor, enriquecendo a experiência dos hóspedes e o ambiente interno.
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