Entrevista (III): “Com visão, dedicação e o talento certo, a transformação de objetivos em realidade é certa”

A Ambitur esteve à conversa com Mariano Faz, CEO da Ace Hospitality Management (AHM), que gere um portfólio de mais de 600 quartos de hotel em Portugal e tem um pipeline de mais de três mil quartos previstos para os próximos três anos. Com uma carreira hoteleira de mais de 20 anos, o gestor falou das ambições desta empresa integrada no Grupo Mercan e dos planos de expansão no país. Leia agora a terceira e última parte desta Grande Entrevista, publicada na íntegra na edição 348 da Ambitur.

 

Quais são as origens do Mariano Faz?

Nasci em Madrid, mas cresci em Barcelona, onde passei a maior parte dos meus anos até terminar a universidade. Com exceção do meu último ano do ensino secundário, que vivi em San Antonio, no Texas, Estados Unidos. Foi lá que tive a oportunidade de me imergir numa cultura completamente diferente. Essa experiência foi fundamental para perceber o quão importante é aprender com diferentes maneiras de fazer as coisas, especialmente numa época em que a nossa exposição e comunicação com o mercado internacional eram limitadas, ao contrário de hoje.

Como chegou ao setor do Turismo e da Hotelaria?

Chegar ao setor do Turismo e da Hotelaria foi quase uma coincidência, pois enquanto estudante nunca imaginei que me dedicaria a este mundo tão fascinante. Segui a área de Economia e mais tarde fiz um Mestrado em Finanças. A minha carreira começou no departamento financeiro da Sara Lee em Barcelona, onde era responsável por todo o reporting internacional da empresa e também pelo controlo financeiro. Foi então que a Barceló me contactou para fazer parte do seu departamento de expansão, precisando de um analista de investimentos para a sua expansão na Europa. Foi aí que pude entender todos os mercados hoteleiros europeus, suas dinâmicas e oportunidades. Simplesmente apaixonei-me por este grandioso mundo que é a Hotelaria.

Simplesmente apaixonei-me por este grandioso mundo que é a Hotelaria.

O seu trajeto profissional levou-o a outros países. O que trouxe dessa experiência para Portugal e de que forma isso moldou o gestor que há em si?

Os meus 11 anos em Dubai foram fundamentais para moldar a minha visão. Lá, tive a oportunidade de liderar um projeto hoteleiro que começou com um hotel de 200 quartos e culminou na gestão de mais de 3.500 quartos, com adicionalmente 3.000 em construção. Este foi um crescimento exponencial num mercado extremamente competitivo. Em cada um dos projetos, analisámos conceitos de restauração, estratégias de posicionamento e explorámos que valor diferencial que poderíamos oferecer num mercado onde se inauguram quatro restaurantes por dia e entre 20 a 30 projetos hoteleiros anualmente.

Este espírito de inovação, de procurar novas ideias e enfrentar a competitividade como um desafio inspirador, é o que trago para a empresa e tento incutir em toda a equipa.

Essa realidade exigia uma competitividade muito elevada, obrigando-nos a refletir constantemente sobre como superar a concorrência. Aprende-se a investir a energia necessária para atingir os objetivos. Este espírito de inovação, de procurar novas ideias e enfrentar a competitividade como um desafio inspirador, é o que trago para a empresa e tento incutir em toda a equipa. Encorajo todos a ver o impossível como apenas um obstáculo a superar. Na hotelaria, temos a capacidade de continuamente surpreender e inovar de maneira extraordinária.

O que é para si a ambição? Considera-se ambicioso?

Para mim, a ambição é representada pela constante vontade de aprender e pela aspiração de que todos aqueles que nos rodeiam também se enriqueçam. A verdadeira ambição consiste em crescer, em tornar-se um melhor profissional e em superar os desafios que definimos para nós mesmos. Se me considero ambicioso? Obviamente. Acredito que superar-nos a cada dia é a essência da ambição. E o meu nível de ambição é ainda mais elevado quando se trata das minhas equipas, pois almejo que sejam os melhores nas suas áreas de especialização. Em última análise, a ambição deve ser vista como um caminho para nos tornarmos melhores pessoas, cultivando um espírito de excelência que transcende o profissional e toca o pessoal. Este desejo de evolução contínua não só nos impulsiona para a frente mas também eleva aqueles ao nosso redor, criando um ciclo virtuoso de crescimento e sucesso compartilhados.

a ambição deve ser vista como um caminho para nos tornarmos melhores pessoas, cultivando um espírito de excelência que transcende o profissional e toca o pessoal

Onde se vê daqui a 10 anos?

Tudo é possível em 10 anos. Vejo-me liderando a melhor equipa de gestão hoteleira em Portugal, colocando a AHM entre as três principais gestoras hoteleiras e de restaurantes e bares em todo o país. Já estamos a fortalecer as bases com a nossa equipa corporativa, traçando estratégias que nos projetarão para o futuro. Embora seja impossível antecipar todos os desafios, estamos focados no crescimento e na criação de um ambiente propício ao desenvolvimento de talentos excecionais. Daqui a 10 anos, estarei à frente de uma equipa que não apenas alcançou as suas metas, mas também redefiniu os padrões de sucesso no setor. Com visão, dedicação e o talento certo, a transformação de objetivos em realidade é certa.

Por Inês Gromicho. Entrevista publicada na edição 348 da Ambitur.

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