Deloitte: Empresas nos EUA e Europa estão a voltar a viajar mas gastos só devem recuperar no início de 2025

As empresas nos EUA e Europa estão a retomar as viagens embora, segundo um relatório elaborado pela Deloitte – “Navigating toward a new normal” – os gastos este ano ainda vão ser inferiores ao período pré-pandémico, já que as empresas ponderam a rentabilidade do investimento e os objetivos de sustentabilidade num contexto de flexibilidade e maior uso da tecnologia. A consultora estima que os gastos só deverão recuperar completamente em finais de 2024 ou início de 2025. O estudo baseia-se num inquérito realizado entre 7 e 23 de fevereiro a 334 empresários norte-americanos e europeus encarregados de supervisionar o orçamento de viagens.

Sete em cada 10 empresas inquiridas (71% nos EUA e 68% na Europa) esperam a recuperação total dos gastos em finais de 2024.

“Embora a recuperação total para os níveis de 2019 pareça possível em finais de 2024 ou início de 2025, se tivermos em conta a inflação ou a perda de lucros, o mercado de viagens corporativas poderá cair entre 10% e 20% abaixo do que era antes da pandemia. Com tarifas aéreas e o preço dos quartos mais elevados, é provável que o número de viagens se atrase ainda mais”, adverte a Deloitte.

Contudo, as viagens internacionais e os eventos presenciais vão representar grande parte do crescimento previsto em 2023. Segundo os gestores de viagens, os eventos presenciais serão uma parte significativa das viagens corporativas, passando do quinto maior impulsionador do aumento de gastos em 2022 para o primeiro em 2023.

Os inquiridos norte-americanos preveem que as viagens internacionais representem 33% dos gastos deste ano, acima dos 21% de 2022, um número similar ao de 2019. A principal motivação das viagens internacionais é a ligação com clientes e potenciais clientes.

No caso concreto dos EUA, os principais motivos são o relacionamento com colegas do setor em conferências e a criação de relações com os clientes; na Europa, as principais razões para viajar para fora do continente são o trabalho em projetos de clientes, seguindo-se as reuniões de vendas.

Face à necessidade de se recuperar a normalidade do negócio, as empresas estão a ajustar os seus planos no que diz respeito a eventos e viagens corporativas, avaliando as vantagens das interações presenciais.

Segundo os inquiridos, a formação interna e as reuniões de equipa (44%) são as que poderão ser mais substituídas pela tecnologia, à frente da criação de relações com os clientes (11%) e da captação de clientes (7%).

Metade das empresas diz que decidiu dividir as grandes reuniões em eventos mais pequenos, regionais e conectados virtualmente, e 44% adotou um modelo híbrido.

“A retoma das viagens corporativas continua a percorrer um caminho sinuoso, já que tanto os líderes empresariais como os fornecedores de viagens ponderam não apenas o aumento dos custos mas também a necessidade de certas reuniões presenciais perante o crescente recurso à tecnologia para compensar os objetivos financeiros e ambientais. Os fornecedores que adotem uma visão a longo prazo das suas relações com os compradores de viagens e comuniquem os seus progressos em matéria de sustentabilidade, deverão estar melhor preparados”, conclui Mike Daher, vice-presidente da Deloitte.