CongressoAHP2024: “Os hotéis já olham para o marketing digital como um departamento dentro da sua estrutura”

Atualmente, as cadeias hoteleiras e os hotéis independentes já apostam no marketing digital. Isso mesmo confirmou Pedro Dias Sousa, diretor comercial da Amazing Evolution, que participou ontem na mesa-redonda “Dilema reservas diretas vs. OTAs: como integrar e concorrer” do 34º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo que termina hoje no Funchal. “Os hotéis já olham para o marketing digital como um departamento dentro da sua estrutura”, explicou, revelando que já têm boas plataformas a nível do seu website e das reservas, com bons conteúdos e imagens. Mas também admite que “as OTA’s têm outras valências que lhes permitem estar sempre na vanguarda da tecnologia”.

“as OTA’s têm outras valências que lhes permitem estar sempre na vanguarda da tecnologia”

O orador diz ainda que “o preço continua a ser rei” e, nesse sentido, “os hotéis têm uma estrutura de tarifas próprias dentro do seu próprio website para atrair o máximo possível os clientes, isso hoje está mais democratizado”. Mas o responsável da Amazing Evolution esclarece que não se trata apenas de ter um website, há que o otimizar. E, diz, para isso já existem empresas que podem ajudar nesse trabalho.

o objetivo é sempre “crescer no segmento direto, mas sempre com um olhar crítico de quanto nos custa esse cliente, para depois fazermos as nossas contas e podermos comparar”

“Na Amazing Evolution, estamos em profundo crescimento, de dois dígitos a cada ano a nível de crescimento direto”, adiantou Pedro Dias Sousa, referindo que a empresa conta com um departamento de marketing digital que avalia o desempenho do website. “É uma aposta contínua que estamos a fazer”, aponta. E o objetivo é sempre “crescer no segmento direto, mas sempre com um olhar crítico de quanto nos custa esse cliente, para depois fazermos as nossas contas e podermos comparar”. Até porque, acrescenta, “as reservas diretas não são gratuitas”.

“a indústria do turismo é muito penalizada a nível de comissões, tem sido assim ao longo da história”

Quanto a vantagens das OTA’s, o orador admite que conseguem ter maior visibilidade e chegar a mercados a que dificilmente os hotéis conseguiriam chegar. Do outro lado da moeda, o contra é que “não sabemos nada do cliente antes de entrar e depois de sair”, além dos custos à volta da reserva, afirma, não negando que “a indústria do turismo é muito penalizada a nível de comissões, tem sido assim ao longo da história”. Um nível de comissões que, de acordo com Pedro Dias Sousa, não deverá diminuir, até porque há muito investimento por trás, e investimentos como a IA vão encarecer os custos das OTA’s, o que tem de refletir-se em algum lado. Mas o orador acredita que o nível de comissões poderá atingir “patamares mais aceitáveis”.

Gostava de ver, do lado dos parceiros, uma concorrência direta mediante o modelo de negócio que têm”

E diz também que gostaria de ver o mercado mais liberalizado e concorrencial, pois há apenas dois grandes players no mercado e “os hotéis diretamente se fizerem um bom trabalho já conseguem ir ganhando a sua quota de mercado”. Sublinha o orador: “Gostava de ver, do lado dos parceiros, uma concorrência direta mediante o modelo de negócio que têm”.

Pedro Dias Sousa conclui ainda que é fundamental a tecnologia ser aliada dos hotéis mas há um senão: “a qualquer momento pode ficar obsoleta”. E a verdade é que “é um custo para o hotel ter de fazer um investimento sem saber se a tecnologia tem de ser atualizada daqui a um ano, este é o próximo desafio”.

Por Inês Gromicho, no Congresso da AHP, no Funchal.

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