CongressoAHP2024: “Identificámos líderes da mudança que receberam uma formação em inteligência emocional”
São vários os profissionais da hotelaria que reconhecem na Accor uma verdadeira “escola” para os hoteleiros e Antero Cardoso, VP Operations Management Eco & Midscale Brands Southern Spain & Portugal da Accor, esteve no 34º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, que decorreu a semana passada no Funchal, para participar na mesa redonda “Talentos Versáteis: A Força Motriz do Amanhã”, onde teve a oportunidade de esclarecer o que faz com que esta noção seja fundamentada. E começou por explicar que, já em 2018, ainda antes da pandemia, a Accor começou a preparar uma transformação global, deparando-se na altura com uma dificuldade: como transformar os hotéis em espaços de satisfação para os trabalhadores? A ideia passou por tentar, desde logo, recrutar, não só pelo currículo mas pelo que “as pessoas são, os seus gostos, as suas paixões”, esclareceu.
O orador adianta que o grupo conseguiu assim uma transição, que começou no top management e passou depois para o middle management. “Identificámos líderes da mudança que receberam uma formação em inteligência emocional” e assim começaram a formar as equipas. E não tem dúvidas: “foi a melhor formação que tivemos”.
são já muitos os diretores que trabalham atualmente nos lobbies dos hotéis para sentirem e conectarem com a equipa
Para Antero Cardoso, se os hotéis conseguem conectar, de forma emocional, com os clientes e, assim, personalizar a sua estadia, o mesmo pode acontecer na relação com os trabalhadores, tentando perceber quais as suas paixões para conectarem com eles. E esta é uma verdadeira “change of management nas organizações”, adiantando que são já muitos os diretores que trabalham atualmente nos lobbies dos hotéis para sentirem e conectarem com a equipa.
“queremos formá-los e proporcionar o desenvolvimento do potencial humano”
O orador reconhece que existe um problema em Portugal: atrair os jovens para o setor. E dá a solução: “transmitir, comunicar as virtudes do nosso setor”. E, adianta, uma dessas virtudes, que é muito pouco explorada, é o “elevador social”. Explica o responsável que “temos um setor que permite a muitos talentos sem formação universitária e de base juntarem-se à nossa empresa”. Aqui entra a ligação com as escolas e as universidades, com a Accor a trabalhar em conjunto com escolas e universidades: “queremos formá-los e proporcionar o desenvolvimento do potencial humano”, sublinha.
“há uma necessidade, da parte de escolas e universidades, de atualizarem os seus próprios formadores”
Por outro lado, e respondendo à questão do setor estar ou não preparado para receber os alunos que saem das escolas, Antero Cardoso acredita que há um trabalho que está a ser feito. E lembra que o Turismo de Portugal fez um processo de grande transformação dos seus quadros formadores. Mas admite que “há uma necessidade, da parte de escolas e universidades, de atualizarem os seus próprios formadores”. Reconhecendo que, a nível técnico, os alunos vêm “muito bem formados”, acrescenta que, a nível das soft skills, “há um trabalho muito importante a fazer”.
E, se é verdade que “na hotelaria temos o cliente no centro do nosso «métier»”, também é verdade que há a necessidade de colocar no centro também o colaborador do hotel. Descrevendo a Accor como “um grupo muito transparente”, o orador explica que o grupo tem ferramentas anónimas nas quais os trabalhadores podem avaliar os seus superiores, e realiza depois workshops e ações de partilha dos resultados. É uma “avaliação contínua da nossa atuação”, frisa.
Por Inês Gromicho, no Congresso da AHP, no Funchal.
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