CongressoAHP2024: “Atrair mais mão-de-obra” e “gerir a grande procura” são os desafios

A CEO do Grupo Dorisol Hotels, Filipa Jardim Fernandes, esteve ontem no 34º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, que decorre no Funchal, como oradora da mesa redonda “Evolução e Inovação na Hotelaria: Da História à Visão de futuro na Madeira e no País”. Esta cadeia de hotéis de quase 50 anos tem procurado adaptar-se às várias mudanças que já testemunhou ao longo destas décadas.

“o destino Madeira trabalhou bem, foi à conquista de mercados para esbater a sazonalidade, ao ponto do verão ter passado a ser a época alta”

A gestora recorda que na altura em que nasceu o primeiro hotel, o número de quartos correspondia ao número de lugares contabilizado nos aviões que chegavam ao destino Ou seja, a realidade estava muito concentrada em um ou dois operadores turísticos e numa época alta que acontecia no inverno, “e este produto surgiu para responder a uma necessidade dos mercados escandinavos”. Mas, adianta, havia o problema da época baixa, que na altura era o verão. O facto, acrescentou, é que “o destino Madeira trabalhou bem, foi à conquista de mercados para esbater a sazonalidade, ao ponto do verão ter passado a ser a época alta”.

Por outro lado, a grande dependência dos operadores turísticos e das operações charters também se alterou, com o aumento das operações regulares que permitiu “conquistar o turista mais jovem” e “o perfil do cliente mudou completamente”.

“Se o destino Madeira não tivesse feito esse investimento na segurança numa altura em que as pessoas temiam viajar, não conseguiríamos ter essa oportunidade”

Questionada sobre os grandes desafios com que se depara o setor, e mais concretamente, a Dorisol Hotels, Filipa Jardim Fernandes não hesita em apontar o problema em “atrair mais mão-de-obra”, algo que é intensificado até pelo facto do grupo ter “que estar em constante remodelação do produto”. Além disso, o desafio de “gerir a grande procura” também tem o seu peso. E aqui a empresária mostra-se satisfeita com a atuação do Governo e da Secretaria Regional do Turismo e Cultura da Madeira pelas “boas orientações”, até mesmo durante a pandemia, um período em que todos foram atingidos. O facto do destino ter conseguido abrir-se mais depressa do que outros na pandemia de Covid-19 “deu uma projeção, junto dos operadores, que a Madeira dificilmente teria tido num período normal”. E permitiu captar o turista mais jovem, que arriscava mais nessa altura e que “veio à Madeira e gostou da experiência”. O facto é que a região tinha um turismo mais sénior e com isso abriu-se uma oportunidade, sublinha a responsável. “Se o destino Madeira não tivesse feito esse investimento na segurança numa altura em que as pessoas temiam viajar, não conseguiríamos ter essa oportunidade”, esclarece .

“o alojamento local é bem-vindo e importante para este segmento mais jovem, e a Madeira tem que ter um tipo de alojamento diversificado”

A oradora abordou ainda a questão do alojamento local na Madeira e não teve dúvidas em reforçar que “é bem-vindo e importante para este segmento mais jovem, e a Madeira tem que ter um tipo de alojamento diversificado”. Além disso, Filipa Jardim Fernandes refere qe o alojamento local também veio ajudar a alimentar as ligações aéreas regulares e a diminuir a dependência do destino em relação às operações charter. Uma situação que também permitiu que “as nossas vendas online aumentassem bastante” bem como “gerir o preço de uma forma mais dinâmica”.

Por Inês Gromicho, no Congresso da AHP, no Funchal

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