CongressoAHP2024: “As pessoas vão ganhar um relevo ainda maior no novo mundo de trabalho”

Os recursos humanos estiveram no centro das atenções na mesa redonda ““Talentos Versáteis: A Força Motriz do Amanhã” promovida pelo 34º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo na passada semana, no Funchal. E Cristina Siza Vieira, vice-presidente da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, participou no debate procurando enquadrar a importância das pessoas e da evolução das tecnologias no setor hoteleiro. Se é verdade que algumas unidades hoteleiras já conseguiram que os avanços tecnológicos substituíssem algumas funções anteriormente assumidas por pessoas, também é verdade que os hotéis vão continuar a precisar de recursos humanos para se manterem “vivos”. A oradora não tem dúvidas: “As pessoas vão ganhar um relevo ainda maior no novo mundo de trabalho, num setor de pessoas que trabalham com pessoas”. E se é um facto que, sem se integrarem num processo de transição digital, os hotéis não vão conseguir sobreviver, outro facto é que “sem as pessoas também não”. E lembra que a hotelaria tem uma vantagem que outros setores não têm, a capacidade de reter profissionais de outras áreas que podem trazer mais-valias. Só “temos que tornar a nossa atividade mais sexy e atrativa”, defende.

“temos que tornar a nossa atividade mais sexy e atrativa”

Como então captar talentos para esta atividade? Cristina Siza Vieira admite que o salário continua a ser fundamental mas defende que, na hotelaria, e depois da pandemia, “temos sabido acompanhar a parte do crescimento salarial”. No entanto, há coisas que não se podem pagar. Os hotéis funcionam 365 dias por ano, 24 horas por dia, e a questão dos turnos é muito dura, complicado a compatibilização com a vida familiar. “O desafio são os horários de trabalho e organizar os tempos de trabalho na hotelaria com pessoas de gerações diferentes e vontades diferentes, é difícil”, reconhece.

“O desafio são os horários de trabalho e organizar os tempos de trabalho na hotelaria com pessoas de gerações diferentes e vontades diferentes, é difícil”

Por outro lado, é algo para o qual a própria legislação não está sequer preparada, nem para a relação que tem de haver na ponderação entre empregadores ou associações de empregados e trabalhadores ou associações de trabalhadores. “A legislação é muito rígida”, admite, acrescentando que “era preciso flexibilizar com ponderação”.

E é precisamente a flexibilidade que falta. Se antigamente, eram os trabalhadores que se adaptavam às empresas hoje são estas que têm que se adaptar aos seus colaboradores. Ou seja, também tem de ser uma gestão «bottom-up».

Cristina Siza Vieira aproveitou ainda o momento para partilhar com a plateia alguns motivadores de trabalhadores, de acordo com um estudo a que teve acesso. E aqui é o reconhecimento é o principal motivador (37%); dentro do reconhecimento, o mesmo estudo avança que quem importa mais são o manager (28%), seguindo-se líderes (24%), clientes (10%) e pares (9%).

Por Inês Gromicho, no Congresso da AHP, no Funchal.

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