CongressoAHP2024: “A tecnologia não é uma ameaça, pode ser impulsionadora de negócio que antes não existia”

Diogo Assis, founder e CEO da Voqin’, foi um dos participantes da mesa redonda “Turismo de negócios e Mercado MICE: modo de sobrevivência ou oportunidade de renascimento?”, que teve lugar na semana passada, no 34º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo. O empresário começou por dar boas notícias à plateia de hoteleiros e profissionais do setor, apontando as previsões do Incentive Travel Index que afirmam que a principal despesa nas viagens de incentivo são os hotéis (entre 22% e 27%, consoante as regiões do mundo), uma tendência que deverá prosseguir até 2027. Outras tendências analisadas são o crescimento da despesa em viagens de inventivo em alimentação e atividades, porque “proporcionam experiências de partilha”, e menos gasto em audiovisuais ou transporte.

a principal despesa nas viagens de incentivo são os hotéis (entre 22% e 27%, consoante as regiões do mundo), uma tendência que deverá prosseguir até 2027

Se, por um lado, os hotéis que trabalhavam o lazer e o negócio individual conseguiram recuperar mais depressa, os organizadores de eventos estiveram parados quase dois anos em Portugal, recorda. E, durante a pandemia, foi feito um movimento para o digital, questionando, na altura, se seria possível “provocar uma jornada emocional online”, e limitando o período de uma hora e meia como teto. No final da pandemia, e com a confiança restaurada, verificou-se um movimento no sentido 100% offline, “porque as pessoas precisavam de estar juntas”, justifica.

“esta é a maior oportunidade para a indústria se tornar inclusiva”

Mas não tem dúvidas: “a tendência será o híbrido”. Diogo Assis acredita que “a tecnologia não é uma ameaça, pode ser impulsionadora de negócio que antes não existia”, e adianta que “esta é a maior oportunidade para a indústria se tornar inclusiva”. Vai mesmo mais longe garantindo que “é possível criar emoção online” mas tal não significa, frisa, “que este é um produto substituto”.

Até porque, esclarece o orador, não existe ainda tecnologia híbrida válida, “ainda não chegámos a esse ponto”. “Temos de chegar aos objetivos de negócio; por detrás de um evento há um objetivo de negócio, de comunicação, temos de chegar ao design thinking”, diz Diogo Assis, que acredita que, neste momento, “estamos perto de ter a IA no nosso dia-a-dia, e muito perto de chegar à tecnologia que nos permita, de facto, ter o híbrido”. E esta, sublinha, é uma característica de inclusão e não de exclusão, pois permite chegar a mais pessoas.

Na Voqin’ o processo não se inicia com a escolha de um venue ou de um hotel, explica o empresário, privilegiando a escolha das emoções, do que se pretende que a audiência sinta, e só depois os hotéis e venues que vão encaixar com essas emoções. “Podemos ser criativos, a indústria permite-nos”, resume Diogo Assis.

Por Inês Gromicho, no Congresso da AHP, no Funchal.

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