Congresso AHP: Raul Martins indica que os próximos dois anos serão de decréscimo da ocupação

“Portugal – Preparar o amanhã” é o tema do 31.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, organizado pela Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) e o Centro Cultural de Viana do Castelo é o palco deste encontro que  reune cerca de 400 hoteleiros até amanhã, dia 22 de novembro. 

Na sessão de apresentação, o presidente da AHP, Raul Martins fez questão de agradecer “às mais de quatro centenas de participantes”, sublinhando que o 31.º aniversário do Congresso é a altura certa para “balanço. Habituámo-nos, em poucos e recentes anos, a crescer fortemente”, sublinhou Raul Martins, ao referir-se aos sucessivos “recordes. Ganhámos prémios e notoriedade, posicionámos o país na primeira linha dos destinos turísticos mundiais”, referiu. 

O presidente da AHP lembrou que, até agosto de 2019, “os dados recolhidos em Portugal mostram que as receitas, o volume de turistas e dormidas e o peso do Turismo nas exportações continuou a crescer”, apesar do “abrandamento do crescimento” que se registou na hotelaria. “A taxa de ocupação nos hotéis, caiu ligeiramente (meio ponto percentual). O preço médio, que no último ano tinha crescido 7%, até agosto deste ano, cresceu, sim, mas apenas 2%”, enumera Raul Martins. No entanto, a oferta no alojamento cresceu “inequivocamente. “Desde o início do ano, abriram ou reabriram 36 hotéis”, sustenta, acrescentando que o  mercado tem disponíveis “205.816 camas hoteleiras” e 523 mil camas no alojamento local, “mais do dobro da hotelaria”. 

“Ocupar esta oferta a preços que não degradem o destino”, além do facto de o setor se manter como “o motor da economia do país”, leva o responsável a realçar outros desafios, como é o caso do aeroporto de Lisboa, com um “estrangulamento” que vai ser “agravado nos próximos anos pelas obras de remodelação, que nos leva a recusar dois milhões de passageiros por ano”, além da “ dependência do Algarve da tour operação e as paralelas insolvências de grandes operadores, online e offline; a debilidade da operação aérea no Funchal; o abrandamento do crescimento económico da Europa; a recuperação de outros destinos de sol e mar; a escassez de recursos humanos para trabalhar no turismo; a muito sensível questão da quebra de dois grandes mercados para Portugal, para enunciar apenas alguns, obrigam-nos a ser muito dinâmicos, atentos às tendências, rápidos nas decisões”, frisa, alertando que “os próximos dois anos serão de decréscimo da ocupação”, até que o aeroporto do Montijo esteja construído e, dessa forma “comece a fazer aumentar o número de passageiros e turistas”. 

Raul Martins foi absoluto quanto a “pontos negros” apontados no ranking do World Economic Forum. Apesar de, entre 140 países, ocupar a 12.ª posição dos países mais competitivos em Turismo, no segmento de Business Environment, Portugal ocupa a 54.ª posição. “Está muito aquém daquele a que aspiraríamos”, diz. Para esta posição, contribuem vários fatores como o “tempo necessário para obter um licenciamento para construção; o tempo para começar um negócio; os incentivos ao investimento; e, nos impostos em geral e sobre os rendimentos laborais, em particular. E, pior, estamos no lugar número 116 no que respeita ao tempo de resposta da justiça para a resolução de litígios”, alerta. Portanto, para o responsável, há “muito caminho a percorrer. Temos, como país, de querer estar na linha da frente na captação de investimento e no crescimento”. 

Raul Martins aproveitou o discurso para apresentar uma “agenda”, já entregue à secretária de Estado do Turismo. No documento, a associação defende como “fundamentais” 14 medidas, como a ultimação de revisão da portaria de classificação dos hotéis, finalizar o processo de regulação dos requisitos dos estabelecimentos de alojamento local, alterar o regime da recuperação do crédito do IVA sobre empresas insolventes, apostar no crescimento mais acelerado de outros mercados emissores e, ainda, apostar nas infraestruturas e equipamentos ferroviários e aeroportuários. “Muito temos feito, e continuaremos a fazer, para ajudar a concretizar estas propostas, porque temos a firme convicção que as mesmas são fundamentais para ajudar o Turismo a crescer sustentavelmente em Portugal”, descreve o presidente da AHP, destacando a formação dada aos associados ou o programa HOSPES. “Como sempre, poderão contar com a lealdade, saber e disponibilidade da Associação da Hotelaria de Portugal e também com a nossa inquebrável defesa das aspirações e dos interesses legítimos do nosso setor”, finalizou.