#AmbiturTalk2Business: “É a crise económica que mais vai afetar os padrões de consumo”
Há uma lógica inicial de consumos que foi alterada devido à pandemia da Covid-19. Um dos desafios passa por repensar algumas das atividades. No caso do retalho alimentar, as compras são para consumo doméstico, o que acaba por estar ligado à restauração, isto é, há menos procura da restauração mas, no reverso, há maior consumo em casa. Será uma tendência daqui em diante?
Esta é foi uma das questões levantadas no primeiro Ambitur Talk2Business por Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da Vila Galé e coorganizador deste encontro, ao diretor de Marketing da SonaeMC, Tiago Simões.
Não há previsões de grandes mudanças estruturais nas escolhas de consumo: “As pessoas passaram a comprar menos vezes mas em mais quantidade”, diz o responsável.
Do ponto de vista de tendências e o que irá afetar num futuro próximo é o tema da crise económica. Para Tiago Simões, embora haja mecanismos a decorrer para combater perdas, como os apoios de financiamento, nos próximos meses a previsão é de que a crise aconteça de forma mais vincada com perdas de emprego regulares. Das previsões que têm sido feitas pela SonaeMC uma delas é que esta crise poderá afetar os padrões de consumo: “As pessoas vão comprar coisas mais barato”. E, mesmo tratando-se de uma crise “muito pouco simétrica”, uma dos grandes focos passará, do ponto de vista da oferta, por “procurar ir ao encontro de todas as necessidades” com grande “aposta na marca própria”, refere.
Além da tendência da crise e do impacto nas vendas, o tema do consumo em casa e do local também vai provocar alterações no consumo: “As pessoas passaram a ter mais preocupação e preferência por produtos nacionais”. Há um conjunto de indicadores em que a rede retalhista está “a trabalhar para responder”, mas, não restam dúvidas de que “é a crise económica que mais vai afetar os padrões de consumo”, sublinha. E o grupo olha a “retoma económica” ou o “impacto económico” como um processo mais demorado: “Até onde é que vamos, do ponto de vista de impacto da disponibilidade dos nossos clientes”, é algo que ainda está dependente da “tipologia de ajudas” da Comissão Europeia e de “notícias que nos vão ajudar a definir um orçamento”, refere.
No que diz respeito à componente estrutural de investimento como a abertura de lojas, Tiago Simões refere que, num cenário a médio prazo, nada será afetado: “Continuamos a investir”, acreditando que esta crise não durará mais do que seis a sete anos.
A primeira Ambitur Talk2Business realizou-se no passado dia 1 de outubro no auditório do Turismo de Portugal e faz parte de um conjunto de iniciativas que a Ambitur quer levar a cabo nos próximos tempos. Além de Gonçalo Rebelo de Almeida e de Tiago Simões, juntou-se ao painel o manager da fadista Cuca Roseta, Miguel Capucho. Nesta primeira iniciativa, estiveram presentes 25 empresários e profissionais do setor, que acederam ao convite da Ambitur, cumprindo as limitações impostas pela Direção-Geral de Saúde.
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