O Algarve é o destino do mês de novembro da Ambitur. Num roteiro de cinco dias elaborado pelo Turismo do Algarve, percorremos a região de lés a lés, passando pelos 16 concelhos deste vasto território. De Alcoutim ou Vila Real de Santo António até Vila do Bispo ou Aljezur, atravessámos o litoral e o interior, e conhecemos iniciativas e projetos turísticos que contribuem para que o Algarve continue a ser hoje um destino que merece ser visitado ao longo de todo o ano.

No sotavento algarvio, numa área que se estende por 15 hectares de uma quinta em Moncarapacho, viemos conhecer a história por trás do azeite virgem extra Monterosa e, claro, experimentar os vários sabores que nos remetem para as características da região.
Quem nos recebe é Veronique, que nos conduz numa viagem de cerca de uma hora pelos olivais e lagar desta quinta. Uma viagem que começa precisamente por colocar o grupo de visitantes em redor da oliveira mais antiga desta propriedade: tem 500 anos e, garante a nossa guia, ainda dá azeitona. Um excelente ponto de partida para esta visita que nos leva pelo olival que veio substituir o que outrora foi um laranjal.
Mas comecemos pelo princípio. E o princípio leva-nos a 1969, altura em que o sueco Detlev von Rosen decidiu vir para Portugal com a intenção de produzir hortícolas durante os meses de inverno para os mercados do norte da Europa. Teria tudo para dar certo, até porque o clima ameno do Algarve era um fator de sucesso. Mas o transporte do produto era demasiado demorado, o que colocava em causa a qualidade das hortícolas. O empresário rapidamente alterou o seu foco de negócio e apostou antes na produção de plantas ornamentais, uma atividade que ainda hoje se mantém como fundamental.
Só no ano 2000 é que a Monterosa se dedicou à produção de azeite. A quinta onde está hoje o olival era ocupada por um laranjal, o que exigia volumes de água significativos numa região onde a seca faz questão de estar presente. A oliveira tem a vantagem de precisar de pouca rega e é uma árvore que faz parte da tradição do Algarve há milhares de anos, apesar de, nos tempos modernos, a “arte” de fazer azeite ter passado por tempos de abandono.
Falamos com António Duarte, representante de Vendas da empresa, que nos explica como nasceu a produção do azeite que, no início, seria mais para consumo interno mas foi crescendo. Hoje a Monterosa Viveiros conta com quatro sócios, dois suecos e dois portugueses, e mantém a sua missão de produzir um azeite que podemos definir como “artesanal” mas de elevada qualidade. Num lagar caracterizado por uma microprodução, produzem-se cerca de 15 mil litros anuais – se quisermos ter uma noção, um camião cisterna transporta 45 mil litros. O que significa que, de facto, se trata de uma produção muito pequena mas com a melhor qualidade possível.
O fabrico do azeite virgem extra Monterosa resulta assim de uma combinação de produção artesanal com alguma modernidade para garantir a tal qualidade. António Duarte lembra que tudo começa num olival intensivo que é “cuidado” com produtos neutros e onde grande parte do processo é feito à mão, já que tanto a poda como a apanha são manuais. “Sempre com o objetivo de ter uma azeitona com a melhor qualidade e o maior grau de sanidade possível”, frisa. Quando a azeitona chega ao lagar, é imediatamente transformada.
São cinco as variedades de azeitona cultivadas, todas elas diferentes e de apanha diferenciada. O nosso entrevistado exemplifica que, se estes 15 hectares de olival fossem todos apanhados na mesma altura, num contexto de produção mais industrial, o processo levaria três dias. Ora na Monterosa são necessários dois meses para apanhar e moer a azeitona, pois cada variedade tem a sua altura ideal de apanha.
No final, garantem os conhecedores, é um azeite muito diferente da grande maioria dos azeites portugueses aquele que aqui se produz e facilmente identificado por quem tem o paladar apurado como sendo um Azeite Monterosa. Isto resulta do facto de o Algarve ter um clima mediterrânico ameno, gerando azeites aveludados, bastante equilibrados, frutados e muito delicados.
Uma vez que a produção é pequena, o destino deste azeite é cuidadosamente selecionado, não chegando, por exemplo, às grandes superfícies. Os supermercados Apolónia, no Algarve, e o El Corte Inglés de Lisboa recebem Azeite Virgem Extra Monterosa, bem como algumas lojas de especialidade, restaurantes ou hotéis diferenciados. Além disso, o consumidor pode adquirir o azeite diretamente na quinta ou através do site. António Duarte recorda ainda que cerca de 60% da produção destina-se a mercados internacionais, maioritariamente o norte da Europa, sendo a Alemanha o principal cliente, seguindo-se a Escandinávia, EUA e Japão.
E o que é possível comprar? São cinco os azeites Monterosa Premium, quatro deles monovarietais: Verdeal, Picual, Cobrançosa e Maçanilha. O quinto dá pelo nome Selection e resulta de uma mistura das variedades da quinta. É ainda produzido o azeite Monterosa Horta do Félix, que também resulta de uma mistura de variedades e é mais adequado para uso na cozinha.
Na quinta, o visitante pode passear pelo olival, conhecer o lagar e, no final, participar numa degustação de azeites. Esta visita guiada decorre de terça a sexta-feira, sempre às 10H00, mas é aconselhável fazer marcação prévia, quer através do site, quer através do telefone. Uma experiência que é diferente consoante a época do ano, sendo que, por exemplo, poderão ver as oliveiras em flor ou, se for entre setembro e outubro, é possível assistir à colheita. Por outro lado, pode ter uma experiência mais privada com um piquenique com cesta no olival.
No futuro, talvez próximo, a quinta contará ainda com uma pequena unidade de alojamento, de dois ou três apartamentos. E está a ser ponderada a abertura a pequenos eventos.
O objetivo dos gestores da empresa é manter a capacidade de chamar o visitante a conhecer os azeites Monterosa, procurando desmistificar a ideia que muitas pessoas ainda têm acerca da produção do azeite. No final da visita, os visitantes saem sempre mais confiantes de como pode e deve ser utilizado este produto em casa, algo que, em Portugal, já é mais conhecido mas que no estrangeiro ainda é alvo de muito desconhecimento.
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