AHETA: Novos desafios são “oportunidade para inovar na gestão de recursos humanos”
A AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, em colaboração com o Kipt Inovação e Turismo Laboratório Colaborativo e a Universidade do Algarve, apresentou ontem o estudo “O Capital Humano na Hotelaria e Empreendimentos Turísticos do Algarve”. Este estudo pretende contribuir para quantificar a escassez de mão de obra no turismo e como se pode e deve reforçar o capital humano no turismo.
De acordo com este relatório, as necessidades de recursos humanos internos variam entre 4.484 e 7.906 até ao final de 2023, nas empresas inquiridas, o que significa um acréscimo de 45%. No entanto, um crescimento de 25% é razoável para assegurar a operação, com recursos internos nos empreendimentos turísticos em julho.
As dificuldades de contratação são evidentes, principalmente nas áreas mais operacionais, como sejam a alimentação e bebidas, o alojamento e a manutenção.
As condições de trabalho no turismo e hotelaria registam uma melhoria progressiva, no que toca a estabilidade e salários. Porém, as expectativas face ao futuro revelam um muito moderado otimismo, generalizado a todos os domínios e itens.
No que se refere às remunerações, é evidente a prevalência de salários acima do salário mínimo nacional entre os estabelecimentos inquiridos. Apesar da variabilidade dos salários, justificada pela diversidade de funções, o valor médio situa-se nos 1.013 euros em 2022 na amostra, 1,7 vezes superior ao que os mesmos empreendimentos pagavam em 2015. Em comparação com os dados do GEP, os dados para a região relevam que os salários na hotelaria em 2019 já eram superiores aos salários médios da economia algarvia e da hotelaria regional.
As relações laborais estabelecidas sugerem uma estabilização crescente, com os contratos sem termo ou termo incerto (51% em 2019) a assumirem percentagens superiores à média regional (42%), sugerindo a estabilidade e a capacidade de retenção se atendermos à antiguidade dos colaboradores, ainda que esta esteja a decrescer.
O estudo mostra ainda a tendência de reconfiguração da força de trabalho. Sobretudo se se considerar o gradual rejuvenescimento, a crescente importância de recursos qualificados e um leque diversificado de nacionalidades.
Em síntese, pode dizer-se que, pese embora uma evolução recente favorável do capital humano nos empreendimentos turísticos algarvios no período estudado, este período pós-pandémico trouxe novos desafios significativos, designadamente a dificuldade de recrutamento e de retenção de trabalhadores, onde o fator custo da habitação tem um peso significativo.
Embora o setor pareça hoje mais apto do que no passado para enfrentar esses desafios, as dificuldades, presentes e as que se avizinham, constituem um importante repto, diz a AHETA, mas também uma oportunidade para inovar na gestão de recursos humanos e também para fazer destes um fator (ainda mais) determinante para a inovação e para a excelência.
Este estudo é suportado numa amostra que representa 54% da capacidade de alojamento na região, 52% da procura turística (medida em número de dormidas) e 34% do emprego na região.