ADENE: Certificação energética das frotas de empresas turísticas pode apoiar a descarbonização do setor

A ADENE realizou um estudo sobre a “Mobilidade Sustentável no Setor do Turismo“, enquadrado no Plano Turismo +Sustentável 20-23, que prevê a realização de uma análise sobre a certificação energética de frotas de empresas turísticas, centrado no sistema MOVE+ da ADENE. Para conhecer melhor as práticas do setor, a ADENE e o Turismo de Portugal promoveram um questionário dirigido a empreendimentos turísticos e alojamentos locais, que se dividia em quatro áreas: caracterização do alojamento, caracterização da frota interna, serviços de mobilidade prestados aos hóspedes e/ou parceiros, e critérios de contratação de fornecimentos e serviços.

Os resultados deste questionário permitiram caracterizar a situação atual da mobilidade no setor do turismo e identificar oportunidades de melhoria a nível da mobilidade. Com base no referencial MOVE+, calculou-se o impacto das medidas de melhoria identificadas nos consumos de energia e nas emissões de CO2 de âmbito 1 e 3, associadas respetivamente à frota própria e à contratação, por parte dos empreendimentos turísticos e alojamentos locais, de serviços que envolvem mobilidade. Os resultados do estudo revelam a necessidade de:

  • Aumentar o potencial de eletrificação. As frotas dos empreendimentos turísticos são compostas principalmente por viaturas ligeiras, com um potencial de eletrificação de cerca de 23%, já que a atual taxa de eletrificação é de apenas 9%.
  • Reduzir as emissões e os custos: A eletrificação das frotas, a manutenção adequada dos pneus e a formação em eco-condução, permite uma redução de 13% no consumo de energia e emissões de CO2, o que equivale a uma poupança anual de 1,5 a 2 milhões de euros.
  • Mais postos de carregamento. Atualmente, apenas 3% dos empreendimentos turísticos possuem postos de carregamento de veículos elétricos, o que limita a adoção de viaturas elétricas.
  • Valorização de empresas com frotas eficientes e eletrificadas na contratação de serviços de entrega pode evitar 34% das emissões de CO2 de âmbito 3 e gerar uma poupança anual de 1,4 milhões de euros.

De acordo com o estudo, ao valorizar a existência de serviços de entregas com frotas classificadas com o MOVE+ com classe “A” ou superior no momento da contratação, o setor consegue evitar 34% das suas emissões de âmbito 3 associadas a estes serviços, poupando 1,4 milhões €/ano e evitando a emissão de 2.123 tCO2/ano.

Face aos resultados obtidos foram identificadas oportunidades de melhoria e propostas diversas recomendações para o setor como:

  • Capacitação: O Estudo indica que o Turismo de Portugal e a ADENE devem promover ações para capacitar os técnicos dos empreendimentos turísticos sobre as boas práticas de gestão da mobilidade sustentável;
  • Apoio: O Governo deve prosseguir o programa de incentivos para a aquisição de viaturas elétricas, instalação de postos de carregamento e adoção de meios de mobilidade leve;
  • Certificação: A utilização de referenciais como o MOVE+ da ADENE pode auxiliar na gestão e monitorização das frotas, promovendo a redução do consumo de energia e das emissões de CO2.

Propõe-se ainda que sejam adotadas as seguintes metas, para o horizonte 2030, para posicionar o setor para a mobilidade sustentável:

  • Instalação de postos de carregamento de viaturas elétricas em 20% dos lugares de estacionamento em 100% das reabilitações e novas construções;
  • Eletrificação de, pelos menos, 30% das viaturas nas frotas próprias dos empreendimentos;
  • Adoção de critérios de eficiência energética das frotas em 50% dos contratos de aquisição de serviços e/ou bens que envolvam mobilidade;
  • Redução de 40% das emissões específicas de CO2 de âmbito 1 do setor associadas às frotas próprias dos empreendimentos até 2030 (face a 2005), o que equivale a uma redução de 6% ao ano.

O estudo realizado pela ADENE evidencia uma trajetória positiva em direção à sustentabilidade por parte do setor turístico português, em que a implementação das medidas e metas recomendadas permitirá que o setor se torne mais eficiente, competitivo e resiliente, contribuindo para a descarbonização da economia e para a construção de um futuro mais sustentável.